"Em que crêem os que não crêem?" de Carlo Maria Martini e Umberto Eco: quando um ateu e um religioso debatem em bom nível
"Em que crêem os que não crêem?", escrito por Umberto Eco e Carlo Maria Martini. A obra traz a correspondência trocada entre os autores em meados de 1995 e 1996. Eco é um conhecido escritor e intelectual italiano, tendo eu lido já duas obras de sua autoria: "Viagem na Irrealidade Cotidiana" e o famoso "O Nome da Rosa" (que posteriormente virou filme com o Sean Connery). Martini, por sua vez, é um importante padre católico jesuíta, de uma grande diocese, possuidor de um bom nível de erudição.
Eco, ateu, e Martini, cristão, fazem um amistoso debate de idéias em relação à religião ou, mais precisamente, o papel da moral e da ética na vida de um crente e de um não-crente. Temas difíceis como o aborto, a homossexualidade, o papel "submisso" da mulher na sociedade, etc., não foram poupados.
Essas cartas trocadas entre Eco e Martini constituem a primeira parte da obra, intitulada "Diálogos". A segunda parte da obra, intitulada "Coro", traz comentários de outros intelectuais sobre o debate anterior entre os autores. Filósofos, jornalistas e homens ligados à Política fazem parte desse coro de opiniões. Na terceira e última parte do livro, intitulada "Retomada", Martini tece ainda mais algumas ponderações.
Achei interessantíssima e extremamente rica a troca de opiniões entre Eco e Martini, além dos adendos feitos por outros intelectuais. Quem dera que todo diálogo entre um ateu e um religioso fosse nesse nível, tanto de erudição como de respeito mútuo.
(ECO, Umberto; MARTINI, Carlo Maria: tradução de Eliana Aguiar. Em que crêem os que não crêem?. Rio de Janeiro: Record, 2011, 14ª edição, 160 páginas)
P.S.: Resenha escrita em 2013.