"Sinfonia das estrelas" de Sylvie Vauclair: um olhar atento e poético para o Universo, desde aquilo que é muito pequeno, até aquilo que é muito grande...
Foi muito agradável a leitura do livro "Sinfonia das estrelas: a humanidade diante do cosmos" escrito pela astrônoma francesa Sylvie Vauclair. Na obra, a autora descreve diferentes fenômenos relacionadas à astronomia e à natureza e que, quase sempre, passam desapercebidos pelas pessoas sendo, muitas vezes, incompreendidos e proibidos. Para descrever tais conhecimentos científicos, Vauclair faz analogias com a música. Afinal, da mesma forma que uma sinfonia é resultado da soma de diferentes notas/acordes, diferentes instrumentos que, juntos, produzem bela música, assim ocorre com o conhecimento científico: para compreender o todo é necessário conhecer suas partes. E, na tarefa, vale conhecer desde aquilo que é muito pequeno, como uma partícula atômica do tipo quark, até aquilo que é muito grande, como uma galáxia. A obra, ao mesmo tempo em que enaltece a complexidade humana, resultada de milhões de anos de evolução, relembra da humildade que devemos ter em relação ao Universo. Afinal, somos criaturinhas andando num planeta dentre vários outros, que orbita em torno de uma estrela chamada sol (uma dentre trilhões de outras), dentro da periferia de uma galáxia chamada Via Láctea (também uma dentre trilhões de outras). Embora toda estrela "morra" um dia, por meio do esgotamento de seu combustível, levando consigo seus planetas (conosco não será diferente), Vauclair enxerga otimismo nisso. Em suas linhas ela imagina um futuro longínquo onde o ser humano alcançará voos cada vez mais distantes e será capaz de sobreviver. Para a autora, os cataclismos tão comuns observados no âmbito astronômico não devem ser encarados como finais de um ciclo, mas como um processo mutável ininterrupto. Isso torna-se mais claro quando lembramos que os átomos dos diferentes elementos que nos compõem (ferro, cálcio, carbono, etc.) foram gerados no núcleo de estrelas que, por sua vez, precisaram explodir para liberar tais elementos no espaço, organizando-se pela força da gravidade, em belas nebulosas onde, bilhões de anos depois, surgirá a próxima geração de estrelas, reiniciando todo o ciclo. Uma visão poética do cosmos e, como tal, de nossa própria existência.
(VAUCLAIR, Sylvie: prefácio de Hubert Reeves; tradução de Ana Montoia. Sinfonia das estrelas: a humanidade diante do cosmos. São Paulo: Globo, 2002, 202 páginas)
P.S.: Resenha escrita em 2016.