"Poemas dispersos" de José Maria Pereira e "Turbilhão: poesias" de Noely Francisca Ramires Nery: um breve olhar para a poesia independente
"Poemas dispersos" de José Maria Pereira e "Turbilhão: poesias" de Noely Francisca Ramires Nery. Dois livros de poesia, de escritores desconhecidos e estreantes (provavelmente).
Quando se trata de poesia, as vezes, deixo de lado os autores já consagrados e dou uma conferida em obras de autores estreantes, normalmente desconhecidos, resultado de minhas idas aos sebos de BH. Quase sempre me deparo com versos simples/limitados, as vezes mal elaborados. Tem também o lado positivo: são em geral obras sinceras e singelas que, em vários momentos, apresentam momentos de beleza, nas imagens que propõem construir. A possibilidade de adentrar no universo de um autor é também fascinante. As duas obras em questão não fogem dessa regra.
Em "Poemas dispersos", José Maria Pereira, poeta mineiro de Pedro Leopoldo (creio), apresenta versos simples, sem muita preocupação com a estética e que falam sobre suas memórias, opiniões sobre a vida, a religiosidade e, principalmente, as amantes que ele teve ao longo da vida (e que ele faz questão de dar os devidos nomes rs). A sinceridade do autor vale por si só a leitura... embora eu não tenha gostado muito de grande parte dos versos e das opiniões. O livro foi editado pela prefeitura de Pedro Leopoldo, para distribuição gratuita nas escolas da cidade.
Em "Turbilhão: poesias", da poetisa gaúcha Noely Francisca Ramires Nery, já se percebe uma preocupação maior com a estética. Porém, seus versos, são igualmente simples e tratam basicamente de suas memórias, impressões sobre a vida e sobre o amor. Achei interessante que ela divide o livro em três partes: "sem rima", "rima" e "amor e sonetos"... uma preocupação simpática da autora em querer agradar os leitores na 1ª edição de seu, provavelmente, primeiro livro (uma publicação independente). Gostei de muitas imagens construídas nos versos e, no geral, o livro me agradou.
Falando como alguém que se aventura, de vez em quando, na poesia, fico me perguntando se teria um dia disposição e coragem para expôr isso em livro. Se, por um lado, a minha mediocridade como escritor ficaria exposta, por outro, meus versos ficariam eternizados... ainda que restritos às traças e aos leitores malucos de sebos... como eu.
(PEREIRA, José Maria. Poemas dispersos. Pedro Leopoldo: Prefeitura de Pedro Leopoldo, 2001/2004, 84 páginas)
(NERY, Noely Francisca Ramires. Turbilhão: poesias. Porto Alegre: Edição do Autor, 1997, 1ª edição, 123 páginas)
P.S.: Resenha escrita em 2013.