Desalinhando o tempo

DESALINHANDO O TEMPO
Miguel Carqueija

Resenha do romance “Linha do tempo”, de Michael Crichton. Editora Rocco, Rio de Janeiro-RJ, 2000. Tradução de Paulo Reis. Título original norte-americano: “Timeline” (copyright 1999 by Michael Crichton). Capa: Chip Kidd.

Embora Crichton seja um dos mais prestigiados autores contemporâneos de ficção científica e eu já tenha lido centenas de obras do gênero (ou milhares), raramente li um troço tão ruim.
Para início de conversa o autor, conhecido pelo filme de Steven Spielberg “Jurassic Park” baseado em seu texto (perfeito exemplo de cinema-lixo), pertence claramente à contracultura e enche o seu tijolo de vocabulário chulo, principalmente a fala do personagem Doniger, mega-empresário que é também um sujeito vilanesco, profundamente antipático. Só que não existem personagens simpáticos, um sequer, nessa novela “hard” que se concentra na História (da França) e na Arqueologia, apesar das especulações sobre a Teoria dos Quanta e a do multiverso.
Um professor que trabalha com Doniger numa tecnologia de viagem temporal perde-se na França medieval e uma equipe de resgate é mandada para trazê-lo de volta. Chris, Marek, Kate além de dois outros que morrem de saída vão parar lá no século 14 e acabam envolvidos numa guerra. Sem numeração e título para os capítulos, estes acabam sendo nomeados por uma contagem regressiva (sic) pois há hora para os protagonistas regressarem.
A violência e a maldade são tantas que causam enjôo, fora a maneira como o trio e mais o professor vão escapando de tudo quando pela lógica morreriam todos. Ou seja, o livro segue o ritmo de malhação como em filmes de Spielberg, tipo “Os Goonies”.
É realmente uma obra fraquíssima.

Rio de Janeiro, 8 de março de 2019.