Terror virtual

TERROR VIRTUAL
Miguel Carqueija

Resenha de “O anjo da morte” (Gian Danton)
Edições Hiperespaço — São Bernardo do Campo, dezembro de 2002.
Capa: Cerito. Prefácio: Cesar Silva.

Noveleta publicada como um número especial da Coleção Fantástica (sem numeração), representa uma incursão do autor (que também assina “Spaceballs”, na mesma coleção) no mundo virtual, no ciberespaço, objeto de muitas histórias modernas.
Como observa o próprio prefaciador, há vários níveis de interpretação possíveis, entre o terror, a fantasia e a ficção cientifica. Basicamente fala num casal que vive num ambiente bucólico com grande felicidade, quando um “homem de preto” sinistro e misterioso rouba a mulher e a leva para destino ignorado. Só que tudo se passa no mundo virtual, para onde foram viver muitas pessoas; e o misterioso raptor não é mais que um vírus de computador.
Nada, porém, parece menos que o ambiente virtual; falta jargão e explicação suficiente. Não me escapa a ideia de que esse universo só pode existir enquanto existirem computadores, que poderiam ser desativados após uma catástrofe energética mundial. Outro detalhe importante é que o desfecho é decepcionante, a gente se pergunta: “E depois? Mas é só isso?” E também é difícil de entender. Também não se compreendem as razões do “anjo da morte” nem porque as torturas infligidas à vítima. Nada parece fazer sentido, e é essa a grande deficiência da obra de Gian Danton: a falta de consistência.
A não ser, é claro, que o sentido hermético da trama tenha-me escapado.

Rio de Janeiro, 25 de março de 2010.