O professor e poeta Antonio Miranda é respeitado, admirado e interpretado em todo o continente latino-americano, principalmente por sua vasta obra e atuação literária. Além de possuir um extenso currículo, visitou, viveu e percorreu vários países, desde o Brasil - sua terra natal - conversando sobre literatura com a mídia, os intelectuais e os educadores nativos. Meu primeiro contato com sua obra foi através de “Tú País está feliz”, produzida durante seu exílio (1971), na Venezuela. A obra transformou-se em peça de teatro e foi encenada pela primeira vez em Caracas, depois na Argentina e em vários outros países centro e sul americanos em várias edições. Embora muito conhecida nos países de Língua Espanhola, só recentemente é que está sendo divulgada no Brasil. Em 12 edições, foi também traduzida para o russo (2011, edição bilíngue, pela Thesaurus editora). Em 2018, tive a honra de ganhar mais um livro em lançamento, autografado pelo autor. Trata-se de uma obra poética autobiográfica também espetacular: “Despertar das Águas”. Rabisquei várias partes do livro, mas vou apenas citar alguns fragmentos para que as pessoas tenham uma noção da beleza que é a poesia de Antonio Miranda: “Adiou todos os prazeres/para satisfazer as vontades alheias” – ao descrever a própria mãe. “Éramos tão pequenos naquelas águas todas, e as árvores tão grandes! Tudo tão longe ali tão incerto.” – falando da infância. “Os meus vários eus/se desentendem e se ofendem/em posições irreconciliáveis”. “Vejo as células mortas em minha pele flácida”. “Eu sou um privilegiado/e nem percebia:/vivo a minha fantasia.”