O Sol não é para todos

É considerado um dos romances norte-americanos mais importantes do século XX, integra a lista de muitos críticos, jornais e leitores como “livro que deve ser lido antes de morrer”, além de perpetuar sua história e seu tema central até a atualidade, tudo isso faz parte da pequena, mas impactante, verdade sobre o livro “O Sol é para todos”.

Escrito por Harpper Lee, a história que é ambientada no sul dos Estados Unidos – especificamente em Maycomb, um município do Alabama –, se passa em 1930 e conta diversas peripécias de um casal de irmãos, filhos de um advogado chamado Atticus, uma governanta chamada Calpúrnia e um amigo muito próximo das crianças, chamado Dill.

Todos esses personagens ganham sua vez de contribuir com o tema central do romance, sejam pequenos gestos narrados ou mesmo frases marcantes que deixam no ar e na mente do leitor a sugestiva pergunta; por que diferenciar negro do branco? Por que tratar um como sendo o superior e outro como não sendo nada? São muitas as perguntas e se engana quem pensa que “O sol é para todos” é apenas um livro que conta travessuras e aventuras de Scout e Jem, irmãos que perderam a mãe muito jovens e que nutrem amor e admiração por seu pai.

Inicialmente, a história – que é narrada pela pequena, mas esperta, Scout – parece se resumir em tentativas de tirar um intrigante vizinho da casa ao lado e descobrir como ele realmente é, afinal, só ouviam histórias arrepiantes sobre o comportamento desse tal vizinho, porém, conforme a narrativa avança e conhecemos novos personagens, vamos percebendo que o tema central vai rondando a história e vai surgindo cada vez mais forte nos diálogos de Scout e seu pai, ou nos diálogos entre vizinhos, entre irmãos, entre negro e branco, até finalmente chegar ao ponto crucial de todo o livro, o julgamento de um homem negro acusado de violentar sexualmente uma mulher branca.

Sim, é um tema muito denso e a forma como será discutido tornaria tudo mais denso, entretanto, a escritora conseguiu suavizar todas essas discussões e demonstrar vários pontos de vistas de maneira inteligente; usando os personagens do livro. Desde que o Atticus Finch aceitou defender o negro das acusações feitas, pairam na cidade velhos conhecidos: preconceito racial e social.

Na escola, na casa da vizinha fofoqueira, em todos os lugares Scout e Jem parecem ouvir sobre o tal caso que o pai aceitou defender e passam por momentos de questionamentos e aprendizados importantes. Infelizmente, com toda a delicadeza com que Harper Lee conta a história e nos faz questionar nossos próprios pontos de vista, a autora faz também a gente perceber que o sol não é para todos, que há muito a ser vencido, quase profetizando que esses assuntos durariam décadas e que ainda integram a atualidade, sendo temas que necessitam da conscientização.

É possível se divertir, se entristecer, se informar sobre temas polêmicos, tudo em um único livro e quando isso acontece, você verá que se trata de uma boa e marcante obra. Ainda por cima, se trata de um livro que conduz ao longo de todas as suas páginas para um único ponto, mas que sem você perceber, aqueles preconceitos instaurados em sua mente vão sendo incomodados.

Palavras de Verona
Enviado por Palavras de Verona em 31/01/2019
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