Resenha Crítica - O Anticristo de Friedrich Nietzsche
“O Anticristo” (editora MARTIN CLARET; 154 páginas) do filósofo Friedrich Nietzsche, que desestruturou a maneira como o ser humano enxerga a moral.
Friedrich Nietzsche foi um filósofo que criticou a religião, os princípios morais, a cultura contemporânea de sua época e a forma como os pensamentos vieram à consciência humana. Em sua obra, Nietzsche mostra que humanidade caminhou para um lado errado em relação à religião e consequentemente à forma de pensar. Devido, basicamente e sem escrúpulos, ao pensamento cristão, a humanidade perdeu o poder de pensar com desigualdade, a capacidade se elevar, passou a amar o que faz mal e a buscar o equilíbrio entre os fracos. “O princípio do fim”, diria Nietzsche.
Ao longo do desenvolvimento da obra, Nietzsche quer deixar muito claro de onde vem seu ódio ao cristianismo: o amor pelo que não é real, e pelos desiguais. Para o filósofo, viver esta vida, “blasfemando contra outra” é o pior erro que um ser humano de espírito livre poderia cometer. “Em nome do céu, nega-se a terra…. Em nome do céu, blasfema-se da terra” frase do autor. A igualdade, na verdade, nao deveria existir, já que igualdade iguala desiguais. Se pensarmos em um ser forte, de espírito livre, com valores definidos por si próprio e que fazem bem a ele mesmo, em outro ser fraco que não define próprios valores, mas segue valores impostos pelos fortes e ao mesmo tempo pensarmos que eles tem um certo tipo de equilíbrio em importância, quem sai ganhando ?
Para Nietzsche, o cristianismo é a religião dos fracos, ela surgiu a partir de uma revolta do mundo interior dos fracos. Este mundo interior não podendo ser libertado já que, anteriormente, o mundo era dominado pelos fortes (Nietzsche dá muito ênfase aos gregos e à sua cultura). O mundo sendo dominado pelos superiores, trouxe aos “inferiores” o sentimento de repressão interna. Esses instintos internos, em algum momento se tornaram descontrolados e como não tiveram para onde ir e não existe a possibilidade de simplesmente desaparecerem, foram lançados em “outro mundo”, um mundo que não era dominado pelos fortes, um mundo “somente dos fracos”, um mundo onde os fracos encontraram sua razão e os motivos de suas tristezas e de seus sentimentos negativos.
A forma como Nietzsche pensa, não podemos negar, tem uma sabedoria brutal. A preocupação com a melhor forma de se viver neste mundo é o princípio básico de um sábio. Não posso negar porém, que existem alguns equívocos em seu pensamento em relação à virtude bondade, que segundo ele, nem é virtude. Para o autor, devemos ajudar os fracos a perecerem, o que, ao meu ver, é sensivelmente o contrário. Não devemos viver fazendo com que pessoas que não evoluíram, deixem de existir, e sim ir em busca, como todo o vigor de espírito que nos foi dado, da melhor forma de tornarmo-nos superiores, e em seguida de fazer as pessoas que amamos sigam o caminho da evolução; este não necessariamente o mesmo que o nosso, veja bem você leitor, pois apenas mostraremos a estrada e o indivíduo a fará solitariamente e como desviará dos obstáculos não terá relevância para ninguém além dele mesmo.