Resenha Crítica - O Discurso do Método de René Descartes

“Discurso do método (editora TECNOPRINT LTDA; coleção UNIVERSIDADE; 153 páginas) do filósofo racionalista René Descartes, que reorganizou o pensamento no período do Renascimento e estruturou uma nova forma crítica de pensar.

René Descartes foi um filósofo adepto da corrente racionalista; acreditava que somente à partir da razão é que seria possível obter um conhecimento confiável sobre as coisas. Quando mais novo, sua vontade descobrir a natureza do homem e do universo já eram evidentes. Nos primeiros anos do século XVII, Descartes ingressou no Colégio de La Flèche onde estudou disciplinas como: Lógica, Geometria, Álgebra, Letras, Matemática e Filosofia.

Esta última, porém, convenceu-o de que, quanto mais à estudava, mas ficava ciente de sua ignorância. Essa premissa influenciou, em razão da personalidade cuidadosa de Descartes, que este desenvolvesse um método muito especial de obtenção de conhecimento. “(...) Não recearei dizer, porém, que julgo haver tido muita sorte em ter-me encontrado, desde a mocidade, em certos caminhos que me conduziram a considerações e máximas com as quais formei um método, pelo qual, parece, tenho um meio de aumentar gradativamente meu conhecimento”. (Discurso do Método, p. 41).

Seu projeto filosófico começa em se preocupar com o estudo do que a humanidade ja sabia, já que a primeira coisa que afirmou, foi que, não podemos dizer que algo é certo, sem antes termos certeza de que aquilo é verdadeiro. “(...) à respeito das opiniões que até então eu aceitara, o que melhor teria a fazer era, uma vez por todas, de as recusar, para as substituir em seguida por outras melhores, ou pelas mesmas quando as houvesse ajustado ao nível da razão.” (Discurso do método, p. 57).

Para reformular seu próprio pensamento, Descartes encontra, com muito cuidado e nunca deixando de sempre às verificar novamente, quatro preceitos nas quais seria possível alcançar o conhecimento seguro (que ele assim considerava). A primeira é de nunca aceitar como verdade algo que fosse questionável; a segunda é dividir as dificuldades, quanto fosse necessário, em partes menores para compreendê-las da melhor forma possível; a terceira é de conduzir o pensamentos pelos objetos mais simples, e depois para os mais compostos; a última era a de fazer revisões gerais e constantes para ter certeza de que nada foi omitido.

Todavia, não basta, antes de começar a reconstruir a casa somente prover-se dos materiais, mas seria necessário termos outra casa para nos acomodarmos durante a construção. Não poderia ficar “(...) irresoluto em minhas ações, apesar de a razão obrigar-me a sê-lo em meus juízos” (Discurso do método, p. 70 - 71). Por isso, Descartes oferece o que chamou de “moral provisória”, a ser utilizada enquanto outra não se constitui, baseada na ciência. As regras são: obedecer às leis e ao costumes do país guardando a religião; governar-nos segundo as opiniões mais moderadas dos homens mais sensatos; sermos o mais firme possível em nossas ações e manter-nos fiéis às opiniões que decidimos; procurar vencer antes à nós do que à fortuna e modificar antes os nossos desejos do que a ordem do mundo.

Ao aprofundar-se no seu estudo meticuloso e agora possível, Descartes, chega ao primeiro princípio da sua filosofia: de uma coisa ele não poderia ter dúvida: de que estava duvidando das coisas; que por estar duvidando, ele estava pensando e por pensar, ele era um ser que existia “(...) penso, logo existo” (Discurso do método, p. 86). Apesar de tal conclusão, ele ainda não tinha certeza se as coisas à sua volta existiam. E a partir daí, chegou à conclusão que, era ele um ser que existia sem necessidade de algo material, “(...) reconheci que eu era uma substância cuja essência ou natureza não é outra cousa senão pensamento que, para existir, não tem necessidade de nenhum lugar nem depende de cousa alguma material. De sorte que este eu, isto é, a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e até mais fácil de conhecer do que este;” (Discurso do método, p.87 - 88) e faz a distinção clara entre corpo e alma.

De maneira brilhante, em suas reflexões, ele percebeu que tinha em sua cabeça, a ideia de perfeição, e que essa ideia era algo que sempre existiu nele, que nunca tinha pensado autonomamente nessa ideia. Por esse motivo, a ideia tinha sido colocada ali (conceito de ideia inata) por algo, desde o seu nascimento. Continuando a minuciosa linha de raciocínio ele conclui que a ideia de perfeição não poderia vir de outra coisa que não fosse perfeita, assim, algo perfeito à tinha colocado em sua mente. Por existir a ideia de perfeição, um ser perfeito deveria existir.

A perfeição para Descartes era Deus. Era Deus quem à tinha colocado em sua mente, e como esse ser era perfeito e criador, as coisas que estavam à sua volta: rios e animais, não poderiam ser falsas, ja que um ser perfeito não poderia enganá-lo.

Tendo essas certezas em sua mente e em seu coração, com as quais não podia duvidar de que fossem verdade, Descartes termina sua obra com perfeição. O privilégio de se ter um ser como Descartes em nossa história e nesta vida, é incomensurável; ele foi suficientemente corajoso para criticar tudo o que sabia em uma época que os fins doutrinários eram tudo, foi meticuloso e valoroso ao ponto de querer conhecer a si mesmo (o que muitos indivíduos deveriam ter feito à muito tempo, foi feito por ele), foi encorajado por si mesmo para entender o problema de muitos, foi um grande precursor com idéias que perduram até os dias de hoje é um grande privilegiado por entender o lado mais bonito de se viver a vida.

Para explicar e fazer o leitor entender as sensações que tive ao ler esse livro, basta se comportar como fez Descartes consigo mesmo: finja que nada sabe sobre o mundo, e deixe o autor fazê-lo descobrir as maravilhas deste.

Naressi G
Enviado por Naressi G em 09/01/2019
Reeditado em 30/01/2019
Código do texto: T6546657
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