"Estrelas inimigas", de Poul Anderson

ESTRELAS INIMIGAS, DE POUL ANDERSON
Miguel Carqueija

Resenha do romance de ficção científica “Estrelas inimigas”, de Poul Anderson. Editora Livros do Brasil, Lisboa-Portugal, sem data; Coleção Argonauta 110. Título original: “The enemy stars”, Street and Smith Publications, Inc., EUA, 1958. Tradução de Eurico da Fonseca. Capa de Lima de Freitas.
Um dos mais densos e psicológicos romances de ficção científica que eu já li, é assinado por um dos meus autores favoritos, o norte-americano Poul Anderson, muito publicado em língua portuguesa. É narrativa do tipo chamado “hard”, ou seja, com embasamento científico e pouco espaço para a fantasia, como em Arthur C. Clarke.
Anderson, porém, possui um viés religioso pronunciado e sua história tem algum componente místico ao narrar o drama de quatro astronautas terrestres — ou da federação terrestre, pois nossa humanidade já se espalhou pelo braço da galáxia — cuja nave enguiçou nas proximidades de um sol morto e se vêem assim perdidos “entre um milhão de estrelas inimigas e impiedosas”. Aliás o desenho da capa é notável mostrando um astronauta de costas, com seu escafandro mas sobre uma superfície planetária, contemplando um céu noturno super-estrelado, uma metáfora da pequenez do homem diante da grandeza insondável do universo.
Nakamura, Maclaren, Sverdlov e Riyerson, cada qual com sua personalidade, suas idiossincrasias, seus fantasmas, são os quatro protagonistas da epopeia, onde se questiona o significado da vida, do universo, da humanidade.
Um romance perpassado de dor, angústia existencial e, apesar de tudo, de esperança, escrito em linguagem extremamente bela.

Rio de Janeiro, 6 de setembro de 2018.