João 8, 22 - comentário e notas da BÍBLIA DE JERUSALÉM (1980)
João 8, 22 –
“Isso levou os judeus a perguntarem:
-Será que ele irá matar-se
(=será que ele vai suicidar-se)?
- Será por isso que ele diz:
‘Para onde vou, vocês não podem ir'?"
https://www.bibliaon.com/versiculo/joao_8_22/
RESUMO: O texto discute a origem de Jesus, mas os judeus não entendem de imediata essa origem.
Apelam para a fé em Abraão como empecilho para crer em Jesus.
Jesus tenta mostrar-lhes a verdade sobre a fé em Javé e de que estava no seio do Pai. Mas, eles não abrem mão da tradição, apegados a uma interpretação radicalista, não messiânica como Jesus mostrava.
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O NÃO ENTENDIMENTO SOBRE JESUS EM SUA ÉPOCA
– UM SÉCULO DEPOIS, SÃO JOÃO DISCUTE
COM SUA COMUNIDADE A QUESTÃO DA FÉ EM JESUS.
J B PEREIRA
O contexto do capítulo oito de São João nos coloca diante do mundo judaico e das festividades da época de Jesus. A família tinha expectativa sobre Jesus e o veem como um endoidecido, um estranho em atitudes, um esnobe, um alienado capaz de se matar.
Muitos ainda não entenderam quem era Jesus e sua ação no mundo. Jesus fizera alguns sinais – parecia-lhes insuficientes para que dessem conta de seu paradeiro e destinação de Jesus como Filho de Deus e luz do mundo.
Ainda o sacrifício na Cruz não se dera – ou seja – a Hora de Jesus não se consumara. Logo, ainda não estavam no entendimento do Espírito de Deus para penetrar no sentido do messianismo de Jesus.
Eles o julgavam segundo a carne (= segundo a aparência física de Jesus – de homem comum; qualquer homem!) e não segundo a Luz de onde viera Jesus como Filho de Deus – “Verbo de Deus” (Jo 1,14) encarnado entre nós.
Agostinho de Hipona nos adverte que fixar-se na carne é alienar-se do sentido transcendente de Deus: “não ver a glória de Deus no seu Filho.”
Eles estavam obcecados pela prática do farisaísmo.
Esse apego exagerado às tradições e ao esvaziamento do sentido da compaixão os fez endurecidos em si 1, apegados ao pecado, na garantia de que, sendo judeus, Deus lhes concederia a salvação.
Enxergar o Testemunho de Jesus sobre o Deus de Abraão de Jacó e dos Patriarcas e Profetas lhes incomodava.
Alguns puderam acreditar na palavra de Jesus.
E aos que não o ouvem, não creem em Jesus: Jesus firma sua invectiva de que não são coerentes com a fé em Abraão quanto ao messias prometido. A verdade veio e não acreditam.
Logo, não são de Abraão, nem de Deus. São da mentira, o pai da mentira: o diabo 2 .
Estão divididos entre si, para que não creem e endurecidos, não se convertam e apelem contra Jesus e sua vida.
A conversa assume direções contraditórias: acusam Jesus de demônio e mentiroso. Mas, Jesus vê que nada deles consegue – pois resistem contra a verdade.
Jesus retira do templo porque queriam mata-lo a pedrada, quando disse ser EU SOU 3, antes que Abraão fosse, Jesus já existia no seio do Pai desde toda a Eternidade. Ele conheceu Abraão e eles não.
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NOTAS EXPLICATIVAS
1. A Bíblia de Jerusalém, edição brasileira (1980, p. 1381),
na introdução do Evangelho de São João, apresenta o Ministério de Jesus como esta parte: na festa das Tendas (da fertilidade – das primícias da Terra), há a grande revelação messiânica e concomitantemente a grande recusa da autoridades e judeus apegados às tradições de Abraão, entre 7,, 1-10 e 120, 21.
Na nota “d”, na p. 1395, “Rejeitando Jesus, os judeus se perdem, sem esperança: pecam contra a Verdade.
É o pecado contra o Espírito Santo.”
2. Essa turma que recusa Jesus é o mundo na concepção joanina
– os que resistem a Deus e a sua verdade revelada em Jesus - perseguem seu Cristo, com ódio, o domínio de Satanás, do mal.
Os discípulos devem resistir às tentações e provações do mundo enquanto oposição a Jesus.
Como Jesus é a Luz do mundo, os discípulos são convocados a serem também – por isso devem permanecer no mundo como testemunhas
da Verdade, da Luz, da Vida. (nota explicativa “g” – p. 1383).
3. Nota “e” ”, na p. 1395, “EU SOU é o nome divino revelado a Moisés no Êxodo 3,14 e significa que o Deus de Israel é o único Deus verdadeiro como único e verdadeiro é o Salvador: Jesus.
Para essa verdade, “tendiam a fé e a esperança de Israel.”
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