Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre
Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freyre
Sem dúvida nenhuma é leitura indispensável para quem quer compreender a formação do caráter do povo brasileiro: desde as questões mais prosaicas até a construção das instituições públicas; desde o eito e o copiar até ao seio da casa-grande e da senzala. Muitos aspectos que nos parecem modernos são, na verdade, desdobramentos dos primeitos séculos de colonização: o comportamento ostentativo; a superecitação sexual; a precocidade sexual; a lassidão moral; etc.
Todo o arcabouço econômico do país foi pautado na monocultura dos engenhos, no patriarcalismo, na exploração predatória do solo. A tolerância, e mesmo o incentivo, a mestiçagem não se deu por via de código ético ou de moral sexual e sim por força de necessidade de mão-de-obra para um país em formação; se, por um lado, o senhor de engenho tolera e estende a mão aos filhos bastardos com escravas, concede regalias aos escravos domésticos; por outro, explora o escravo do campo, às vezes até a morte por excesso de trabalho.
Os aspectos do sincretismo reliogioso, onde a assimilação é mais patente do que a supressão, ficam evidenciados e nos trazem um amplo panorama do moderno panteão católico sincrético brasileiro. Por fim, o nosso racismo dissimulado em mercê; o que é concedido ao escravo negro ou ao indígena vem por meio da vontade do senhor. Ao escravo é concedido um status quo semi-animalesco, a despeito de seus conhecimentos ancestrais e, também, de modernas técnicas de agricultura, pecuária e de medicina, que trouxeram de bagagem nos porões dos navios; o escravo não é um cidadão pleno, nem mesmo após a abolição escravidão.