"Pedro e João" de Maupassant, outra desconstrução
“PEDRO E JOÃO” DE MAUPASSANT, OUTRA DESCONSTRUÇÃO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Pedro e João” (“Pierre at Jean”), de Guy de Maupassant. W.M. Jackson Inc. Editores, São Paulo-SP, 1964. No mesmo volume o romance “Uma vida”, do mesmo autor.
Os romances de desconstrução — onde personagens seguem vias suicidas — baseiam-se no radicalismo com que tais personagens encaram a própria situação.
No caso temos uma família parisiense de parcos recursos e que agora moram no Havre: pai (Roland), mãe (Luísa), o filho mais velho (Pedro) e o mais novo (João). O pai gosta de pescar, a mãe trabalhou no comércio, o filho mais velho formou-se em medicina, o outro em advocacia, mas ainda não exercem. Certa viúva Rosanialley é amiga da família e cortejada por João. Então surge uma notícia inesperada: um amigo de longa data, mas com quem não tinham mais contato, Maréchal, morre deixando sua fortuna para o irmão caçula, cujo nascimento acompanhara. Maréchal ficara morando em Paris, onde exercia importante cargo no governo.
Se há males que vêm para o bem a recíproca é verdadeira: há bens que vêm para o mal. Esta fortuna que surge de repente somente para um dos irmãos traz alegria... mas não para o irmão mais velho, preterido em tal herança, ostensivamente. Ele não compreende tal favoritismo, realmente descabido, e logo passa a desconfiar da honra da mãe, já que na verdade João seria filho de Maréchal. Assim o veneno se insinua na vida daquela família, antes harmoniosa. Assim a vida de Pedro passa a ser um tormento, ele fica odiando a mãe, esta passa a viver com medo do filho, pois o marido de nada desconfia. Surge conflito entre os irmãos. Maupassant dá um jeito de evitar uma tragédia final, contorna a situação mas é evidente que aquela família nunca mais será a mesma. E o verdadeiro culpado é o falecido, que não mediu as consequências de seu ato supostamente generoso.
Romance intertessante para quem gosta desse gênero lacrimejante.
Rio de Janeiro, 6 de julho e 10 de agosto de 2018.
“PEDRO E JOÃO” DE MAUPASSANT, OUTRA DESCONSTRUÇÃO
Miguel Carqueija
Resenha do romance “Pedro e João” (“Pierre at Jean”), de Guy de Maupassant. W.M. Jackson Inc. Editores, São Paulo-SP, 1964. No mesmo volume o romance “Uma vida”, do mesmo autor.
Os romances de desconstrução — onde personagens seguem vias suicidas — baseiam-se no radicalismo com que tais personagens encaram a própria situação.
No caso temos uma família parisiense de parcos recursos e que agora moram no Havre: pai (Roland), mãe (Luísa), o filho mais velho (Pedro) e o mais novo (João). O pai gosta de pescar, a mãe trabalhou no comércio, o filho mais velho formou-se em medicina, o outro em advocacia, mas ainda não exercem. Certa viúva Rosanialley é amiga da família e cortejada por João. Então surge uma notícia inesperada: um amigo de longa data, mas com quem não tinham mais contato, Maréchal, morre deixando sua fortuna para o irmão caçula, cujo nascimento acompanhara. Maréchal ficara morando em Paris, onde exercia importante cargo no governo.
Se há males que vêm para o bem a recíproca é verdadeira: há bens que vêm para o mal. Esta fortuna que surge de repente somente para um dos irmãos traz alegria... mas não para o irmão mais velho, preterido em tal herança, ostensivamente. Ele não compreende tal favoritismo, realmente descabido, e logo passa a desconfiar da honra da mãe, já que na verdade João seria filho de Maréchal. Assim o veneno se insinua na vida daquela família, antes harmoniosa. Assim a vida de Pedro passa a ser um tormento, ele fica odiando a mãe, esta passa a viver com medo do filho, pois o marido de nada desconfia. Surge conflito entre os irmãos. Maupassant dá um jeito de evitar uma tragédia final, contorna a situação mas é evidente que aquela família nunca mais será a mesma. E o verdadeiro culpado é o falecido, que não mediu as consequências de seu ato supostamente generoso.
Romance intertessante para quem gosta desse gênero lacrimejante.
Rio de Janeiro, 6 de julho e 10 de agosto de 2018.