Um País Sem Excelências e Mordomias
Escrito pela jornalista Claudia Wallin, brasileira que mora na Suécia há mais de 10 anos, o livro surgiu a partir de uma série de reportagens para o Jornal da Band, mostrando como agem os parlamentares e governantes naquele país.
É uma leitura extremamente frustrante para qualquer cidadão honesto que quer o bem do Brasil. Isso porque comparar o padrão moral dos nossos políticos com os da Suécia é semelhante a comparar os do Fernandinho Beira Mar com os do Papa.
Bem escrito, de fácil leitura, a obra mostra que os políticos daquele país têm salários pouco superiores aos dos demais servidores, ajudas de custo e benesses mínimas para viagens, moradia, assessores ou consultores. Lá, os políticos andam em seus carros, bicicletas ou de metrô. Se usam apartamentos do Estado, são de menos de 60 m2 e os ocupantes têm de fazer a limpeza e cuidar de suas roupas. Se alguém que não o parlamentar usar o apartamento, mesmo cônjuges, pagam aluguel. Mostra que as contas deles são cuidadosamente analisadas por um departamento de auditoria com independência e disponibilizadas para a imprensa com total transparência.
Demonstra também que a população sueca é altamente intolerante com más práticas. Pouco se fala de corrupção, pois quase não ocorre naquelas geladas paragens, porém, pequenos excessos como alugar carros sem justificativa, gastos com táxi ou hotéis não são tolerados pelo eleitor sueco. Ainda que o deslize não implique em crime, em regra quem os comete é forçado a renunciar ou não se elege mais.
Mais, os cidadãos não aceitam de ninguém os deslizes. O livro conta casos de erros de primeiros-ministros, pessoas da família real e de grandes celebridades como o maior cineasta do país, Ingmar Bergman, e mostra que nenhum deles teve seus deslizes perdoados por serem famosos. Nada de carteiradas ou "sabe com quem você está falando?".
O melhor capítulo do livro, no entanto, é o “IV – Que País é Este?” que fala sobre a história da Suécia e descreve brevemente a vida no país e seu sistema político. É um país capitalista, fortemente dependente de exportações. No entanto, tem tributos muito elevados e proporcionais à renda das pessoas, quem ganha mais, paga mais, para reduzir a desigualdade. Os elevados impostos são usados para prover serviços públicos de alta qualidade, como educação gratuita, saúde e aposentadoria altamente subsidiadas. Embora os mais ricos paguem mais, todos pagam tributos.
Para minha infelicidade, esse capítulo é bem curto e não detalha meu maior interesse, que era o sistema tributário e a gestão do orçamento público, no que o governo gasta e como mantém as contas equilibradas.
Vale muito a leitura, recomendo para qualquer brasileiro. Com certeza, nem eu, meus filhos ou netos veremos um Brasil com tais padrões éticos e tão desenvolvido. Entretanto, após ler esse livro, fica para minha a certeza de que há uma infinidade de oportunidades para melhorar nosso país e muitas delas dependem fundamentalmente da cobrança da população e da eleição de melhores políticos. Os nossos são tão ruins que basta eleger alguns honestos para termos enormes ganhos.
Escrito pela jornalista Claudia Wallin, brasileira que mora na Suécia há mais de 10 anos, o livro surgiu a partir de uma série de reportagens para o Jornal da Band, mostrando como agem os parlamentares e governantes naquele país.
É uma leitura extremamente frustrante para qualquer cidadão honesto que quer o bem do Brasil. Isso porque comparar o padrão moral dos nossos políticos com os da Suécia é semelhante a comparar os do Fernandinho Beira Mar com os do Papa.
Bem escrito, de fácil leitura, a obra mostra que os políticos daquele país têm salários pouco superiores aos dos demais servidores, ajudas de custo e benesses mínimas para viagens, moradia, assessores ou consultores. Lá, os políticos andam em seus carros, bicicletas ou de metrô. Se usam apartamentos do Estado, são de menos de 60 m2 e os ocupantes têm de fazer a limpeza e cuidar de suas roupas. Se alguém que não o parlamentar usar o apartamento, mesmo cônjuges, pagam aluguel. Mostra que as contas deles são cuidadosamente analisadas por um departamento de auditoria com independência e disponibilizadas para a imprensa com total transparência.
Demonstra também que a população sueca é altamente intolerante com más práticas. Pouco se fala de corrupção, pois quase não ocorre naquelas geladas paragens, porém, pequenos excessos como alugar carros sem justificativa, gastos com táxi ou hotéis não são tolerados pelo eleitor sueco. Ainda que o deslize não implique em crime, em regra quem os comete é forçado a renunciar ou não se elege mais.
Mais, os cidadãos não aceitam de ninguém os deslizes. O livro conta casos de erros de primeiros-ministros, pessoas da família real e de grandes celebridades como o maior cineasta do país, Ingmar Bergman, e mostra que nenhum deles teve seus deslizes perdoados por serem famosos. Nada de carteiradas ou "sabe com quem você está falando?".
O melhor capítulo do livro, no entanto, é o “IV – Que País é Este?” que fala sobre a história da Suécia e descreve brevemente a vida no país e seu sistema político. É um país capitalista, fortemente dependente de exportações. No entanto, tem tributos muito elevados e proporcionais à renda das pessoas, quem ganha mais, paga mais, para reduzir a desigualdade. Os elevados impostos são usados para prover serviços públicos de alta qualidade, como educação gratuita, saúde e aposentadoria altamente subsidiadas. Embora os mais ricos paguem mais, todos pagam tributos.
Para minha infelicidade, esse capítulo é bem curto e não detalha meu maior interesse, que era o sistema tributário e a gestão do orçamento público, no que o governo gasta e como mantém as contas equilibradas.
Vale muito a leitura, recomendo para qualquer brasileiro. Com certeza, nem eu, meus filhos ou netos veremos um Brasil com tais padrões éticos e tão desenvolvido. Entretanto, após ler esse livro, fica para minha a certeza de que há uma infinidade de oportunidades para melhorar nosso país e muitas delas dependem fundamentalmente da cobrança da população e da eleição de melhores políticos. Os nossos são tão ruins que basta eleger alguns honestos para termos enormes ganhos.