Terra Sonâmbula, de Mia Couto
[PEQUENA RESENHA]
Terra Sonâmbula
Mia Couto
1° ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (originalmente publicado em 1992 por Editorial Caminho, SA, Lisboa)
Um livro para ser lido de uma sentada ou em meses? Depende da velocidade do seu tempo. E é este o espírito do livro de Mia Couto.
O ritmo narrativo do autor distende o tempo literário tornando o livro mais longo do realmente é, por meio de fábulas e estórias contadas com vagar; é quase uma oração, um encantamento. Muidinga e Tuahir (os personagens principais) servem de voz condutora ligando os muitos fios fabulários num eixo comum. Os dois personagens, que pouco se afastam do machimbombo, ou carro, são símbolos da ilusão da permanência conquanto Kindzu (outro personagem narrador) representa a transitoriedade, o movimento, com suas viagens e aventuras. O tempo inexiste: passado e futuro fudem-se num presente mágico, não obstante pesado e triste mas com um toque de candura. Os horrores da guerra, os preconceitos, a miséria, crendices, amizade, família, a busca por origens... é tudo uma coisa só. Mistura de realismo fantástico com romance regional e com um toque de budismo zen (ao menos na minha opinião ), é um livro vagaroso feito uma historia contada por gente mais velha. É uma contação vagarenta de acontecidos do tempo dos sonhos.