Normalista: profissionalização do magistério primário em Sergipe (1870-1911), obra de Ronaldo Antonio Pereira da Silva
Ronaldo Antonio Pereira da Silva, aracajuano, graduado em Filosofia, Mestre em Educação pela PUC/MG, é pesquisador e professor da mesma universidade. A publicação de Silva (2017), pela Paco Editorial, é o produto de sua Dissertação de Mestrado sob o título Aluno, Mestre, Normalista: profissionalização do magistério primário em Sergipe (1870-1911). As abordagens da pesquisa priorizam diversos aspectos da carreira magisterial numa época de transformações; os itinerários da Escola Normal e institucionalização da formação, desde a perspectiva das escolas normais masculina e feminina até a escola normal mista; e o ingresso e permanência no magistério, a partir do acesso até a seleção de requisitos pessoais para atuar no Curso Primário. O prefácio da obra é assinado pelo Professor Doutor Carlos Jamil Cury, que evidencia ser a pesquisa importante para docentes e discentes, especialmente porque persegue a “valorização dos profissionais do magistério como uma via para a concretude de um direito à educação, aberto, democrático e de qualidade”. Antonio buscou de todas as formas publicar seu estudo, o que, segundo declarou, não havia conseguido até que, ao ser citado pelo Professor Bernard Charlot, recebeu um chamado da editora e assim realizou o seu sonho de educador que ora se encontra em processo de doutoramento. Silva ressalta que a segunda metade do século XIX, em Sergipe, se mostrou movimentada, tanto “nos planos político, sociocultural e econômico, notadamente a partir da transferência da capital de Sergipe para Aracaju, em 1855”, um fato que impulsionou a urbanização da província. Naquele momento, além de se ter uma sociedade em crescimento através de suas camadas médias e urbanas, foi um período de “investimentos no setor manufatureiro” (p. 19). Acerca dos itinerários da Escola Normal e institucionalização da formação docente, o autor se refere ao modelo escolar adotado no Brasil, pra esse caso, inspirando-se no modelo francês, pós-revolução de 1789, “quando se tornou premente a questão da instrução popular” (p. 47), de onde se origina a compreensão de que era necessário formar professores com o objetivo de atender à “proposta de extensão do ensino público” (idem). O autor de Aluno, Mestre, Normalista ainda menciona a Lei Imperial de 15 de outubro de 1827, prevendo a expansão da instrução primária pública, um passo seguro para a criação das assim denominadas escolas de primeiras letras, o que aconteceu em todas as localidades com índice de população mais densa na época imperial. O ingresso e permanência no magistério é uma temática em vista por Silva, focando o seu olhar investigativo na etapa de institucionalização da Escola Normal em Sergipe, perseguindo o objetivo de “delinear o perfil do novo professor sergipano” no sentido da preparação da juventude para uma vivência civilizada. No rol de suas considerações finais, o pesquisador afirma que, dessa maneira é que o Estado empreendeu “a organização de um sistema público de escolarização, no qual o professor torna-se o principal porta-voz, sendo formado, modelado e controlado” (p. 108). O professor Antonio expõe aquela realidade contextual do seu recorte de estudo, situado no final do século XIX e primeira década do século XX. Acrescento que a tentativa do Estado em fazer do professor seu arauto, formando-o, modelando-o e controlando para tal finalidade ainda é uma tônica, como se pode constatar no documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em pleno século XXI, tempos em que o professor está consciente do seu papel social e leva adiante a sua luta para ter sua própria voz no cenário social, além de buscar sua valorização profissional como a idealiza dentro de padrões reais de qualidade, democracia e cidadania.