As Plantas de Nosso Quintal
Neusa Figueiredo Mei escreveu o livro com o título acima. Desde criança, pajé era o apelido dela em família. Por quê? Pajé é o conselheiro, curandeiro, feiticeiro e intermediário espiritual de uma comunidade indígena. Uma das figuras mais importantes das tribos. Profundo conhecedor dos "medicamentos naturais", à base de ervas medicinais, raízes, sementes, substâncias animais e minerais que auxiliam, de acordo com a cultura indígena, a cura das mais diversas doenças, sejam elas físicas ou espirituais.
Os povos indígenas acreditam que os pajés possuem o dom de se comunicar com os espíritos da floresta e com os deuses, além de terem o poder de fazer chover e melhorar as condições da caça, pesca e colheita da tribo. No ritual chamado "pajelança", o pajé usa ervas e plantas da floresta para curar ou resolver problemas espirituais dos índios, entrando em contato com espíritos anciões.
Assim é a autora, ainda menina se envolveu com plantas. Foi professora e sempre incentivou o amor às plantas e ervas. Na abertura de sua obra, lê-se: “Escrevo por amar a natureza, tendo de que o Criador nos deixou as plantas não apenas para contemplarmos sua beleza, mas também para a cura de nossos males físicos e emocionais.
Esse livro é a sistematização dos saberes de Neusa Figueiredo Mei, que vieram da prática diária com as plantas das vizinhanças, de uma vida de experiências e da curiosidade que a levou a pesquisas e estudos.
Na obra, são descritas e alistadas mais de sessenta plantas, a utilidade delas, uma ou duas receitas e como preparar cada uma. O abacateiro chamou-me a atenção, pois dele podemos aproveitar folhas e brotos que produzem o chá indicado na cura de dores de cabeça, contusões, reumatismo, rins, bexiga, fígado, cicatrizante, eliminação de gases, vermífugo, restaurador do fluxo menstrual, na cura de aftas e diarreia, aumento do fluxo de urina. O óleo extraído do fruto é tônico capilar, destruindo a enfisema, ajuda a combater ressecamento da pele. A casca do fruto é boa para extermínio dos vermes.
O abacate indicado para fins curativos caseiros é o de casca lisa, preferencialmente os de casca lisa.
Vejamos algumas receitas e formas de uso:
Creme hidratante — Use a casca do abacate onde o óleo está depositado para passar diretamente na pele do rosto, pescoço e mão por uns três minutos com massagens e deixe descansar por IO minutos. Se a pele for seca pode-se ainda adicionar umas gotas de mel. A seguir, enxague bem com água morna.
Vermífugo — Chá em decocção: Coloque a ferver um litro d'água com a casca de quatro abacates por mais ou menos 10 minutos. Coe, volte ao fogo com uma colher de sopa de açúcar mascavo ou cristal até reduzir à metade. Tomar a metade da redução de manhã e a outra parte à noite. Repetir a preparação até obter o resultado desejado.
Dor de cabeça — Esquentar a folha do abacateiro com ferro morno, aplicar sobre a parte dolorida, deixando até esfriar. Repetir a operação até desaparecer o sintoma.
Diarreia — Chá: 2 colheres de sopa de folhas do abacateiro, 2 folhas de goiabeira, 2 folhas de pitangueira para dois copos americanos de água. Deixe ferver até reduzir a um copo. Coe e espere esfriar, tome após cada evacuação.
Dores reumáticas, contusões — Tintura: I colher de sopa de folhas picadas, uma colher de sopa de semente ralada. Coloque em uma vasilha de louça ou em vidro de boca larga. Sobre o conteúdo, um copo americano de álcool etílico hidratado (álco01 comum, desinfetante). Deixe o recipiente bem tampado, longe da luz solar, em lugar ventilado. Após 15 dias coar e aplicar nas partes doloridas.
Diurético — Chá de folhas: aumenta o volume da urina, combate edemas renais e elimina o ácido úrico.
Na época da frutificação do abacateiro a oferta é abundante e seu uso varia da alimentação ao sabão. Integrada à alimentação, o abacate vai bem na vitamina e creme que são muito apreciados.
E como entrada, já provaram?
Tire a polpa de dois abacates e pique bem com um garfo deixando os pedacinhos. Tempere com limão, sal, pimenta do reino. Em outro espaço corte em pedacinhos um atum fresco, tempere a gosto e deixe repousar. Montar em um prato a ser levado a mesa, a camada de atum recoberta pela de abacate. Decore com salsa e uma semente biquinho.