O pensamento esquerdista goza de uma facilidade imensa em adaptar-se a lugares surpreendentes como: na crítica literária, na historiografia, na sociologia e às vezes nas ciências naturais. Isso se materializa na figura do historiador social inglês – E. P. Thompson – “que tendo se declarado marxista e comunista durante os anos de 1950, retirou-se do partido comunista em 1956, passando a se engajar na campanha pela criação de uma Europa neutra e livre da energia nuclear”, - (Pág. 25 e 26). Scruton reconhece que Thompson possui uma capacidade extraordinária de produzir “textos claros e imaginativos que lhe permitem projetar sua influencia para além do tradicional espaço da ideologia da Nova Esquerda”. Para Roger Scruton, Thompson pode ser visto como “um historiador social nos moldes do socialismo Fabiano”.
 
Embora tenha adotado uma interpretação revisionista da história inglesa, “Thompson insiste que sua interpretação atribui a classe trabalhadora o papel histórico que o pensamento da esquerda sempre lhe reservou”, (Pág. 29). Scruton explica que “A análise de Thompson da classe trabalhadora inglesa termina, por descrever essa classe como um agente coletivo, que faz coisas, opõe-se a coisas, luta por coisas e que pode ter sucesso ou fracasso”, - (Pág. 30). “Identificar a classe trabalhadora como um agente, mesmo “metaforicamente”, pode significar engajar-se em uma grande sentimentalização e ao mesmo tempo, ignorar a verdadeira significação da consciência nacional como um genuíno agente na história”, afirma Scruton – (Pág. 31).
 
Roger Scruton explica que “para Thompson, a “exterminação ideológica”, é mais um desvio do “curso natural” que o socialismo poderia de outro modo tomar”. E acrescenta: “a “tese convergente” provou-se vital para doutrina da nova esquerda, já que ela permite direcionar a raiva e a frustração não contra o “socialismo real” – que se esconde atrás de um véu de ignorância e mentira, - mas contra nossas próprias tentativas de nos defendermos”, - (Pág. 35). Conforme o autor “Thompson não enxerga nada senão sistemas de poder, mesmo onde há atuação genuína, responsabilidade genuína e uma reciprocidade que torna a política possível”, - (Pág. 36). E conclui: “sua atitude acrítica em relação a seus próprios sermões vai de mãos dadas com sua atitude diante do marxismo”.
 
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Daniel Jorge
Enviado por Daniel Jorge em 25/06/2018
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