Viagem de jangada: Huckleberry Finn

VIAGEM DE JANGADA: HUCLEBERRY FINN
Miguel Carqueija


Resenha do romance “As aventuras de Huckleberry Finn”, de Mark Twain. Editora Martin Claret, São Paulo-SP, 2013. Coleção “A obra-prima de cada autor”, Série Ouro n° 19. Tradução: Alda Porto. Capa: Weberson Santiago. Prefácio: Vera Lúcia Harabagi Hanna.

Publicado pela primeira vez em 1884, este volumoso romance de Mark Twain (pseudônimo de Samuel Langhorn Clemens, EUA, 1835-1910) utiliza o protagonista d eum livro anterior, “As aventuras de Tom Sawyer”. Agora porém o foco principal é seu colega, o adolescente Huckleberry Finn, que para escapar de um pai bêbado e brutal foge numa jangada acompanhado por Jim, um escravo fugido de certa Sra. Watson. Partem pelo imenso Rio Mississipi, vivendo inúmeras aventuras. Era no tempo anterior à guerra civil e os costumes sulistas eram francamente escravagistas e racistas. Mergulhamos numa trama repleta de preconceitos, mesmo entre pessoas tidas como bondosas, Twain faz uma radiografia da sociedade daquele tempo e lugar.
A crueldade, a desonestidade, a falsidade, aparecem claramente. Há até dois personagens ostensivamente criminosos, vigaristas: um que se intitula rei, outro que se intitula duque. Eles se aproveitam da jangada de Huck e a usam como base de operações, parando em diversos lugares para enganar o povo com vigarices diversas chegando a tentar se apossar de toda uma herança.
Tom Sawyer, que aparece no início, reaparece na parte final e domina com seu temperamento mais desenvolto que Huck. Muitos incidentes que então acontecem são hilariantes. Deixando algumas pontas soltas (como o destino final do rei e do duque, aparentemente linchados) a história se encaminha para um surpreendente final feliz. Afinal, o romance é cômico apesar de algumas desgraças.
A assinalar a riqueza de detalhes, a elegância de estilo e as muitas coisas que vão sendo aprendidas sobre a vida naquele tempo e naquela região.

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2018.