CONDENADOS A PENSAR... *
29 de março do ano da graça de 2018.
Reencontrei-me com o velho e sempre novo Joaquim Monchs, JM – O Poetinha, em cerimônia de entrega de livros do Forte de Copacabana, RJ.
É um velho amigo, oficineiro das letras, que encontro vez e outra pelos caminhos da palavra. - Sob os auspícios da Fortuna e os mistérios da Poesia!
É um novo amigo, pois a cada reencontro reconheço-me diante de um novo JM.
Não é espantoso como a vida nós dá oportunidades variadas para ver por outros ângulos mais de uma mesma pessoa... – E os fatos da vida! E sobre nós mesmos?
E sempre não será virtuoso aquele que enxergar o melhor nos outros antes de em si mesmo?
Tenho em mãos o seu livro Confessionário – Diálogos entre Prosa e Poesia que vem à lume pela Editora Alcance.
E em minha caminhada por suas páginas encontro-me a meio curso... O meu passo é lento, não por dificuldades na leitura, antes, por saboreá-la a cada instante, a cada linha, a cada mergulho, - Sempre de cabeça em suas denotações e conotações...
Afinal, quem adentra em um Confessionário, não mergulha em si mesmo?
Este Confessionário é um livro sobre livros, sobre escritores, sobre a arte da escrita, mas, sobretudo sobre Poesias, no que ela tem de mais especial, a essência do Humano!
- Engana-se quem pensa que a Poesia está apenas nos escritos, nas formas gráficas formadas por tintas esparramadas em folhas castas...
E deitar olhos na leitura deste Confessionário desfaz este engano, através de sua linha de visão, que enxerga a poesia no Tudo e no Nada em que mergulham/estão mergulhadas as vidas humanas...
O Tudo e o Nada são matéria constituinte da Poesia, pois nela se encontram quase em harmonia... Na Poesia o objetivo e o subjetivo caminham de mãos dadas!
E o poema é um espelho que reflete a Poesia, tanto mais nitidamente, quanto for acurada a maestria do poeta em despertar/aclarar a visão do leitor, em poucos versos, para uma circunstância intrínseca da Poesia/do leitor...
Penso o poeta como um arqueiro “cego” que com a sua maestria empunhe seu arco/Poema e retesando-o lança a seta/Poesia sem ver o seu alvo... Contra a seta/Poesia existe a resistência de sua possível audiência, e a força do Poeta/Arqueiro que ao lançar o Poema em público pode trespassar uns, enquanto se fixe em outros, sem causar nenhum efeito...
Tudo por causa dos atributos da consciência a que chamo de Qualia, presentes em cada indivíduo até de uma forma particularizada. Por isso a beleza de um Poema, que a despeito de ser um sentimento do/de mundo, se fixe, ao penetrar na subjetividade humana, se propague nela, e através de uma comunhão possível cumpra enfim o processo de comunicar-se, e ao fazê-lo ganhe um significado muitas vezes alheio ao que o autor pensava ou sentia.
É por isso que neste Confessionário apresenta-se uma Poesia que chama o leitor para si, travando com ele um diálogo, e que neste intercâmbio também se engrandece, colocando à mostra a si mesma... Da mesma forma que faz com que o leitor reconheça em si mesmo a presença de um estado de Poesia, muitas vezes anterior à poesia lida e interiorizada, e outras vezes posterior a leitura dela.
A Poesia só se completa diante de seu leitor e mais, através dele encontra enfim a sua razão de existir!
Outro ponto em que há confluência de sentimentos entre nós, é o pensamento de que a Poesia não necessita de textos prolixos para ter/fazer sentido.
A Poesia é também detalhe, fruto de síntese em um escrito... Que arrebata!
É um entalhe mais leve/mais profundo, que chame a atenção do leitor, e que o faça experimentar uma sensação de Sublimação possivelmente também presente nele, contido nele, e que a ele contém.
Por fim, condenados a pensar, como estamos, eu e meu amigo, vamos seguindo nossas estradas de palavras/significados/significantes, cada um em seu estágio estético, mas creio que, ambos sabedores de que só pensar (já) não basta!
- E que o pensar como base de uma existência é muito pouco...
Existe o sentimento que faz com que o humano seja o que é, e como é... E a percepção deste sentir é definidora de como nós comportamos na vida...
Homens ou animais?
Nós os condenados a pensar sabemos que são escolhas...
- Antes que passemos à outra margem do rio!
E este Confessionário, de JM veio dar-me um alento... Não estou só a olhar o Tudo e o Nada, visão que turva a minha visão e me provoca lágrimas... Lágrimas de mel e de sal!
Parafraseando este Confessionário, de meu velho/novo amigo JM, resta-me levar a cabo a leitura desta obra que faz com que os meus neurônios olhem para dentro do meu coração derramado...
Derramado neste momento JM, junto com o teu!
Meu amigo, JM, permita-me uma confidência:
- Também amo ser um pecador! Chafurdar na lama da vida, sob suas tempestades, numa procura incessante por mim mesmo... Vez e outra tocando e sendo tocado pela sensatez/insensatez dos outros... Pelos sentimentos do mundo!
E para mim Poesia é uma chama que se levanta em minha caminhada, que mostra que não estou só! São visões de mundo, reflexos de almas...
Que mostram a beleza e a feiura de ser o que se é!
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
11/04/2018
* Foto: Arquivo de Edvaldo Rosa, a esquerda com Joaquim Moncks a direita.
29 de março do ano da graça de 2018.
Reencontrei-me com o velho e sempre novo Joaquim Monchs, JM – O Poetinha, em cerimônia de entrega de livros do Forte de Copacabana, RJ.
É um velho amigo, oficineiro das letras, que encontro vez e outra pelos caminhos da palavra. - Sob os auspícios da Fortuna e os mistérios da Poesia!
É um novo amigo, pois a cada reencontro reconheço-me diante de um novo JM.
Não é espantoso como a vida nós dá oportunidades variadas para ver por outros ângulos mais de uma mesma pessoa... – E os fatos da vida! E sobre nós mesmos?
E sempre não será virtuoso aquele que enxergar o melhor nos outros antes de em si mesmo?
Tenho em mãos o seu livro Confessionário – Diálogos entre Prosa e Poesia que vem à lume pela Editora Alcance.
E em minha caminhada por suas páginas encontro-me a meio curso... O meu passo é lento, não por dificuldades na leitura, antes, por saboreá-la a cada instante, a cada linha, a cada mergulho, - Sempre de cabeça em suas denotações e conotações...
Afinal, quem adentra em um Confessionário, não mergulha em si mesmo?
Este Confessionário é um livro sobre livros, sobre escritores, sobre a arte da escrita, mas, sobretudo sobre Poesias, no que ela tem de mais especial, a essência do Humano!
- Engana-se quem pensa que a Poesia está apenas nos escritos, nas formas gráficas formadas por tintas esparramadas em folhas castas...
E deitar olhos na leitura deste Confessionário desfaz este engano, através de sua linha de visão, que enxerga a poesia no Tudo e no Nada em que mergulham/estão mergulhadas as vidas humanas...
O Tudo e o Nada são matéria constituinte da Poesia, pois nela se encontram quase em harmonia... Na Poesia o objetivo e o subjetivo caminham de mãos dadas!
E o poema é um espelho que reflete a Poesia, tanto mais nitidamente, quanto for acurada a maestria do poeta em despertar/aclarar a visão do leitor, em poucos versos, para uma circunstância intrínseca da Poesia/do leitor...
Penso o poeta como um arqueiro “cego” que com a sua maestria empunhe seu arco/Poema e retesando-o lança a seta/Poesia sem ver o seu alvo... Contra a seta/Poesia existe a resistência de sua possível audiência, e a força do Poeta/Arqueiro que ao lançar o Poema em público pode trespassar uns, enquanto se fixe em outros, sem causar nenhum efeito...
Tudo por causa dos atributos da consciência a que chamo de Qualia, presentes em cada indivíduo até de uma forma particularizada. Por isso a beleza de um Poema, que a despeito de ser um sentimento do/de mundo, se fixe, ao penetrar na subjetividade humana, se propague nela, e através de uma comunhão possível cumpra enfim o processo de comunicar-se, e ao fazê-lo ganhe um significado muitas vezes alheio ao que o autor pensava ou sentia.
É por isso que neste Confessionário apresenta-se uma Poesia que chama o leitor para si, travando com ele um diálogo, e que neste intercâmbio também se engrandece, colocando à mostra a si mesma... Da mesma forma que faz com que o leitor reconheça em si mesmo a presença de um estado de Poesia, muitas vezes anterior à poesia lida e interiorizada, e outras vezes posterior a leitura dela.
A Poesia só se completa diante de seu leitor e mais, através dele encontra enfim a sua razão de existir!
Outro ponto em que há confluência de sentimentos entre nós, é o pensamento de que a Poesia não necessita de textos prolixos para ter/fazer sentido.
A Poesia é também detalhe, fruto de síntese em um escrito... Que arrebata!
É um entalhe mais leve/mais profundo, que chame a atenção do leitor, e que o faça experimentar uma sensação de Sublimação possivelmente também presente nele, contido nele, e que a ele contém.
Por fim, condenados a pensar, como estamos, eu e meu amigo, vamos seguindo nossas estradas de palavras/significados/significantes, cada um em seu estágio estético, mas creio que, ambos sabedores de que só pensar (já) não basta!
- E que o pensar como base de uma existência é muito pouco...
Existe o sentimento que faz com que o humano seja o que é, e como é... E a percepção deste sentir é definidora de como nós comportamos na vida...
Homens ou animais?
Nós os condenados a pensar sabemos que são escolhas...
- Antes que passemos à outra margem do rio!
E este Confessionário, de JM veio dar-me um alento... Não estou só a olhar o Tudo e o Nada, visão que turva a minha visão e me provoca lágrimas... Lágrimas de mel e de sal!
Parafraseando este Confessionário, de meu velho/novo amigo JM, resta-me levar a cabo a leitura desta obra que faz com que os meus neurônios olhem para dentro do meu coração derramado...
Derramado neste momento JM, junto com o teu!
Meu amigo, JM, permita-me uma confidência:
- Também amo ser um pecador! Chafurdar na lama da vida, sob suas tempestades, numa procura incessante por mim mesmo... Vez e outra tocando e sendo tocado pela sensatez/insensatez dos outros... Pelos sentimentos do mundo!
E para mim Poesia é uma chama que se levanta em minha caminhada, que mostra que não estou só! São visões de mundo, reflexos de almas...
Que mostram a beleza e a feiura de ser o que se é!
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
11/04/2018
* Foto: Arquivo de Edvaldo Rosa, a esquerda com Joaquim Moncks a direita.