A tese teosófica sobre os ufos
A TESE TEOSÓFICA SOBRE OS UFOS
Miguel Carqueija
Resenha do livro: “Dos mundos subterrâneos para os céus: discos voadores”, por O.C. Huguenin. Irmãos Di Giorgio & Cia. Ltda. Ediroes, Rio de Janeiro-RJ, 1956.
Livro de ensaio de autor brasileiro sobre a questão ufológica. Para este misterioso autor a origem dos discos voadores não está no espaço exterior e muito menos seria uma arma secreta de alguma potência; viriam do centro da Terra, onde habitaria o “Rei do Mundo” que se chamaria Melki-Tsedek — ou seja, o personagem bíblico Melquisedeque.
Na verdade o ensaio acaba sendo obra de proselitismo da religião conhecida como Teosofia. O texto é bem escrito mas a tese é inverossímil e baseada no ocultismo. Veja-se que, contra a evidência científica, Huguenin tenta demonstrar a impossibilidade da viagem interplanetária com argumentos absurdos: “pois sabido é que, pelas leis da mecânica celeste, se lançássemos, por suposto, um foguete com todos os recursos técnicos em direção à Lua (que está bem mais próximas de nós do que o planeta Marte), esse mesmo foguete descreveria uma elipse, retornando à Terra.” O autor parece ter-se deixado influenciar pelo romance de Júlio Verne, “Da Terra à Lua”, onde ocorre algo semelhante mas provavelmente porque Verne não resolveu em sua ficção o problema do pouso no satélite e posterior decolagem.
Outra afirmação estapafúrdia é que uma aeronave (sic) que penetrasse na “barreira de vácuo” existente “entre qualquer corpo celeste e o seu vizinho” (?) “explodiria, ou melhor, se desintegraria completamente, pela força de explosão de suas moléculas”. Bem, de lá para cá a ciência da Astronáutica já desmentiu tais especulações.
Afora as citações de livros ocultistas e as explanações de doutrinas obscuras, o livro afirma que, até 1956 (ano mesmo da edição!) os discos voadores iriam interferir no “mundo externo”: “Essa intervenção, de acordo com as declarações do Comandante Strauss, constará do bloqueio das rádio-emissoras, cujas ondas transmitirão, naquele momento, a voz de Melki-Tsedek para todos os povos da Terra.”
E Huguenin acrescenta:
“O Rei do Mundo falará na Língua Universal, isto é, uma linguagem em que cada som corresponde à ideia ou objeto exatamente relacionados com o mesmo, o que dará a impressão, aos diferentes povos da Terra, de que Melki-Tsedek estará falando em seus respectivos idiomas.
Posteriormente, será transmitida nova mensagem do Rei do Mundo; e dessa vez não serão necessários aparelhos de rádio, pois cada ser humano a ouvirá diretamente, através de um meio de comunicação ainda desconhecido pela nossa orgulhosa e cética “ciência exata”.
Desnecessário é dizer que essas fantásticas comunicações do “Rei do Mundo” não se realizaram e já se passaram, desde então, mais de sessenta anos.
Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2017.
A TESE TEOSÓFICA SOBRE OS UFOS
Miguel Carqueija
Resenha do livro: “Dos mundos subterrâneos para os céus: discos voadores”, por O.C. Huguenin. Irmãos Di Giorgio & Cia. Ltda. Ediroes, Rio de Janeiro-RJ, 1956.
Livro de ensaio de autor brasileiro sobre a questão ufológica. Para este misterioso autor a origem dos discos voadores não está no espaço exterior e muito menos seria uma arma secreta de alguma potência; viriam do centro da Terra, onde habitaria o “Rei do Mundo” que se chamaria Melki-Tsedek — ou seja, o personagem bíblico Melquisedeque.
Na verdade o ensaio acaba sendo obra de proselitismo da religião conhecida como Teosofia. O texto é bem escrito mas a tese é inverossímil e baseada no ocultismo. Veja-se que, contra a evidência científica, Huguenin tenta demonstrar a impossibilidade da viagem interplanetária com argumentos absurdos: “pois sabido é que, pelas leis da mecânica celeste, se lançássemos, por suposto, um foguete com todos os recursos técnicos em direção à Lua (que está bem mais próximas de nós do que o planeta Marte), esse mesmo foguete descreveria uma elipse, retornando à Terra.” O autor parece ter-se deixado influenciar pelo romance de Júlio Verne, “Da Terra à Lua”, onde ocorre algo semelhante mas provavelmente porque Verne não resolveu em sua ficção o problema do pouso no satélite e posterior decolagem.
Outra afirmação estapafúrdia é que uma aeronave (sic) que penetrasse na “barreira de vácuo” existente “entre qualquer corpo celeste e o seu vizinho” (?) “explodiria, ou melhor, se desintegraria completamente, pela força de explosão de suas moléculas”. Bem, de lá para cá a ciência da Astronáutica já desmentiu tais especulações.
Afora as citações de livros ocultistas e as explanações de doutrinas obscuras, o livro afirma que, até 1956 (ano mesmo da edição!) os discos voadores iriam interferir no “mundo externo”: “Essa intervenção, de acordo com as declarações do Comandante Strauss, constará do bloqueio das rádio-emissoras, cujas ondas transmitirão, naquele momento, a voz de Melki-Tsedek para todos os povos da Terra.”
E Huguenin acrescenta:
“O Rei do Mundo falará na Língua Universal, isto é, uma linguagem em que cada som corresponde à ideia ou objeto exatamente relacionados com o mesmo, o que dará a impressão, aos diferentes povos da Terra, de que Melki-Tsedek estará falando em seus respectivos idiomas.
Posteriormente, será transmitida nova mensagem do Rei do Mundo; e dessa vez não serão necessários aparelhos de rádio, pois cada ser humano a ouvirá diretamente, através de um meio de comunicação ainda desconhecido pela nossa orgulhosa e cética “ciência exata”.
Desnecessário é dizer que essas fantásticas comunicações do “Rei do Mundo” não se realizaram e já se passaram, desde então, mais de sessenta anos.
Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2017.