Quando a ancestralidade fala mais alto
Engraçado como teimamos em não ouvir aqueles que tem mais experiencia que nós e acabamos por trilhar caminhos mais longos ou as vezes mais tortuosos, poucos tem a sorte do caminho ser consciente.
Esta é uma resenha especial para mim, não somente por seu tema, mas por sua origem; Oju Omim Omorewá: O afoxé dança para Iansã, pesquisa/escrita por Daniela Beny, conterrânea das terras Alagoanas, traz para nós curiosos, simpatizantes, praticantes, estudiosos e irmãos na fé, a tradução e decodificação dos ensinamentos dos ancestrais, através da dança inserida no contexto de criação artística,do trabalho corporal cênico e quanto o seu o processo de compreensão do corpo como veículo não só comunicativo mas produtivo.
A abordagem se dá de maneira leve, porém, objetiva e direta, com linguagem descomplicada e instigadora, desde o caminho que deu inicio a pesquisa/texto/conteúdo como projetos internacionais em meandros Dinamarqueses ( Magdalena's Project), Japoneses(Tadashi Suzuki) e Argentinos( Ana Woolf), culminando no retorno as raízes e desenvolvimento do material após o contato com o Bailarino e Pesquisador da dança dos Orixás: Augusto Omulú.
Além de informação e descoberta, o livro e a sua autora nos leva em uma viagem não só através da imaginação, mas da compreensão e conscientização da riqueza que nossa ancestralidade nos traz, seja ela indígena, interiorana ou africana; o ponto chave é entender, aceitar e valorizar as riquezas empíricas de conteúdo e aprendizado que temos acessíveis em nossas mãos e muitas vezes vamos procurar fora de nós mesmos.
Das riquezas do livro, ainda somos agraciados com um cd que acompanha o mesmo, nos possibilitando sair do imaginário e quase vivenciar o conteúdo através das imagens e explanações do grupo Afoxé Oju Omim Omorewá, tornando o conhecimento teórico e quase que pratico do assunto abordado.
Uma ótima pedida literária tanto no contexto acadêmico, bem como de conhecimento, afinal, estamos no mundo em constante aprendizagem, por que não aprender decifrando os tabus?