RESENHA: “A política” de Aristóteles

RESENHA: “A política” de Aristóteles
Miguel Carqueija


Ediouro, Rio de Janeiro-RJ, sem data. Coleção Universidade de Bolso, código 20190. Introdução de Ivan Lins, da Academia Brasileira de Letras. Tradução de Nestor Silveira Chaves.

Este tratado escrito por um dos grandes filósofos da Antiguidade Grega (século IV A.C.) tem alguns trechos faltando, mesmo assim ocupa quase 250 páginas de um volume de bolso com folhas grandes e muitas linhas (56 numa página integralmente ocupada).
Os costumes, porém, eram tão diferentes que é difícil entender por completo o pensamento do autor, que divide os regimes políticos possíveis em realeza (monarquia), tirania, aristocracia, oligarquia, democracia e república. Ele também admite a escravidão por entender que pessoas existem cuja natureza é serem escravas. Ele também vê a mulher como inferior ao homem e nem a cogita para os cargos políticos, mas esta era a cultura da época, apesar de que rainhas sempre existiram. Podemos notar, nesse autor bem anterior ao Cristianismo, a tácita aceitação de coisas que hoje, como cristãos, repudiamos, e não se trata só da escravidão. Vejam este trecho (pg. 135 desta edição) que dispensa comentários:
“Quanto a saber quais os filhos que se devem abandonar (sic) ou educar, deve haver uma lei que proíba alimentar toda criança disforme.”
Mesmo assim, expurgado de seus aspectos pagãos, o pensamento de Aristóteles serviu até de base para aquele que muitos consideram o maior filósofo de todos os tempos, São Tomás de Aquino (século XIII), autor da “Suma Teológica”.
“A Política” é leitura recomendada a leitores pacientes pois não é leitura fácil.