Monumento a Dom João VI

MONUMENTO A DOM JOÃO VI
Miguel Carqueija


Resenha do livro “D.João VI no Brasil”, de Oliveira Lima. Topbooks, Rio de Janeiro-RJ, 2006 (4ª edição). Prefácio de Wilson Martins. Capa: Mirtiam Lemer. Apêndice: prefácio da 2ª edição por Octávio Tarquínio de Souza. 1ª edição: 1908.

“D.João VI no Brasil” é obra monumental (mais de 700 páginas) de um dos nossos maiores historiadores, Oliveira Lima. Trabalho de Hércules, pois o autor consultou um sem-número de obras, inclusive grande quantidade de manuscritos inéditos consultados em arquivos, bibliotecas, museus, no Brasil e Europa. E Lima não se limitou a falar sobre o rei, mas esmiuçou a situação política e diplomática daqueles anos (1808-1821) que ficaram conhecidos como “o tempo do Rei”, o único rei que nós tivemos, pois o filho e o neto vieram a ser imperadores. Também são esclarecidos os eventos dos anos anteriores que culminaram com a invasão napoleônica de Portugal e consequente fuga da família real para o Brasil, criando uma situação única que afinal propiciou a nossa independência em 1822.
Tomamos conhecimento de figuras habitualmente esquecidas nos livros didáticos como Palmela, Barca, Dom Rodrigo e outros diplomatas do reino. Ficamos sabendo de fatos hoje pouco lembrados, como a ambição da esposa de Dom João (Dona Carlota) em se tornar rainha na Espanha ou na América Espanhola. Ela é apresentada como inimiga do rei, seu esposo, e pessoa de gênio irascível. Já D.João VI é visto como homem bonachão, pacífico, que contribuiu grandemente para o progresso brasileiro, mas que em diversas ocasiões mostrou-se indeciso e vacilante, até que, por fim, não teve pulso e autoridade para enfrentar as tais “Cortes” formadas na Metrópole e que o obrigaram a retornar, deixando a D.Pedro I a recomendação de não largar o Brasil à própria sorte.
Lima também discorre sobre a situação financeira, bem como os hábitos e idiossincrasias do país nascente. A leitura, para quem não tem pressa (afinal é um tijolo) é deveras interessante e instrutiva.

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2017.