PROSEANDO COM A POÉTICA, de Pedro Marra

No começo de 2015, Pedro Marra criou um Blog pessoal, com o nome de Prosando com a poética, e explicou no subtítulo que se tratava de “Poesias em forma de prosa. Variados temas com o intuito de despertar a reflexão individual para o bem coletivo”. Em quase três anos de existência e muitas visitas, as publicações no Blog seguem o mesmo formato e propósito originais. São microrrelatos poéticos e poemas ilustrados com fotos ou desenhos de procedência identificada compatíveis com o texto. A certa altura, a criatividade do autor o moveu também em outra direção. Criou um projeto pessoal intitulado Poesia na Casca, que consiste em escrever poemas relacionados ao tema meio ambiente e fixá-los plastificados em cascas de árvores situadas em pontos estratégicos da cidade, como parques e jardins. O projeto tem despertado o interesse da mídia e da população, rendendo-lhe entrevistas, reportagens, fotos, novos contatos, elogios.
O jovem jornalista é sistemático, minucioso e exigente consigo mesmo. Percebe que há um longo e belo caminho a percorrer. Por isto se prepara desde o primeiro poema, com muita disciplina.
Consolidados os dois projetos iniciais – Blog e Poesia na Casca - era natural que na sequencia surgisse este livro organizado em duas partes: Prosas Poéticas e Poesias.
A prosa poética surgiu no século XIX na França com Charles Baudelaire, nascido em Paris, em 1821. Baudelaire, que foi um dos maiores poetas franceses de todos os tempos, irreverente e reformista, é considerado o pai da prosa poética com sua obra póstuma Pequenos Poemas em Prosa, que só foi publicada em 1869. Depois dessa publicação, vários estudos e pareceres sobre o tema surgiram, em alguns países, com vistas a melhor classificar os textos que não se enquadrem perfeitamente na característica de Prosa ou de Poesia. Mas há dificuldades para conceituar especialmente a Prosa Poética e o Poema em Prosa que também, segundo estudiosos, possui características próprias. Como aqui não é fórum competente para levar adiante essa discussão, cito apenas as conclusões expressas neste Artigo, que sintoniza com o trabalho do Pedro: “Embora a prosa e a poesia estejam em campos diferentes um texto escrito em forma de prosa pode ser considerado “poesia”, se sua função for poética, ou seja, se exprimir emoções e sentimentos.” (http://queconceito.com.br/prosa-poetica).
Este é, de fato, o caso da obra de Pedro Marra. Ao se distanciar um pouco das formalidades que caracterizam a construção do poema como métrica, ritmo e rima, sem perder o lirismo e a musicalidade própria da poesia, seus textos ampliaram a área da construção de um monumento capaz de abrigar uma infinidade de opções. São cenas reais do cotidiano das pessoas e do ambiente que as cerca, relatos na primeira e na terceira pessoa, situações reais ou imaginárias em cenários distantes da sua própria vivência e até extraterrenos, e muito mais. O leque de possibilidades torna-se imenso, quando acrescenta os instrumentos de comunicação midiática atuais para construir versos curiosos e divertidos. O resultado é um conteúdo leve, de fácil compreensão, curioso, estimulante e motivador para virarmos página por página do livro. Pedro Marra não deixa dúvidas quanto aos seus dons poéticos. Fica evidente que é mais poeta do que prosador. Isto pode ser constatado em várias oportunidades no seu Blog, nas postagens na sua página pessoal do Facebook e agora aqui.
Prosando com a poética, ele esclarece: “... Pode ser num guardanapo de um bar lotado. Até mesmo no vidro embaçado do box do banheiro, todo úmido. .. Só precisa virar uma coisinha. Poesia.”
Para fechar outra prosa, apresenta aos leitores a prova de que a poesia está na sua vida desde criança ao citar uma frase escrita por ele e que o próprio pai guarda com carinho até hoje: "As folhas de Outono varridas pelo vento, levam os momentos deixando uma saudade do tamanho do amor que nos consome.”.
E segue com a abordagem de vários temas, onde o lirismo e a cadência poética estão sempre presentes:
“Eu te amo” na minha hora
Quando te falarem um "eu te amo" da boca para fora,
pegue-o!
Mas guarde-o dentro de você.
E solte-o na sua melhor hora.”

“Desci até o pilotis, fui pegar um baú.
Ergui a mão no Plano Piloto.
Fui de zebrinha.
Asa Sul pra mim era pouco.
Parecia que Brasília era só minha.
...”
“Voa natureza.
Voa natureza.
Mas que beleza,
ter você por perto.”

“Minha carne na tua.
Minha pele na tua.
Com os corpos deitados na rua.
Entoando nossa poesia, nua e crua.
...”
“Carrocéu
De pisada em pisada.
O menino de boina não só anda pela escada.
Advinda dos céus, perto de sua casa.
Caio repara o campo num tom de despedida.”
...”
“O poeta jornalista
Hoje, eu cheguei cansado.
Meus cílios já estavam cabisbaixos.
Andei devagar.
Soltei a maleta na cadeira e me joguei no sofá.
...”
“Não me postes em dúvida
Me esclareça uma coisa.
Quando que saio daqui?
Hein! Poste maldito, ai de ti!
...”
É perceptível também em vários textos que o mar e o espaço celestial exercem forte influência sobre o autor. Este provavelmente conduzirá seu barco e sua nave espacial em direção a um raio de luz de infinitas possibilidades e oportunidades, que certamente encantarão seus leitores a partir desta obra, que vale muito a pena conhecer.

- Texto do Prefácio de Sandra Fayad
(Escritora em Prosa e Versos)
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 16/12/2017
Reeditado em 16/12/2017
Código do texto: T6200554
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