Resenha de um Artigo e PCNs.

Estudos e mais estudos já foram realizados com a intenção de investigar a prática da leitura e da literatura nas escolas. São leituras totalmente diferentes. O da leitura sobre a escola e a escola sobre a leitura. Parecem não haver uma conexão entre esses dois discursos. Permanece práticas tradicionais arraigadas mesmo com a presença dos Parâmetros Curriculares Nacionais dando suas orientações e coordenadas e, também aja vista pesquisas realizadas em universidades sendo divulgadas através de livros didático, teóricos e artigos sobre esse assunto a disposição de todos.

Os PCNs devem servir de apoio para uma melhor reflexão e a colocação em prática as estratégias pedagógicas e desmistificação do distanciamento entre leitura e literatura. Claro que existem os discursos com base nas teorias, mas que na prática o tradicionalismo permanece, mesmo com a inserção de renovação conceitual e mudança paradigmática desde os anos 80, veja que o que pode estar presente em muitas salas de aula não é tudo o que se espera. Não se entende o porquê os professores ainda insistem na maneira de ensinar literatura pela historicidade, tudo que é relacionado à literatura, leitura e teoria literária deveriam estar inter-relacionadas pela interdisciplinaridade buscando mais significação e conhecimento escolar mediante a contextualização como descreve os PCNs do ensino médio.

Por conta do tradicionalismo herdado da Europa, os estudos historiográficos deram inicio no período colonial e firmou- se com o Instituto Histórico e Geográfico fundado em 1838 e somente quarenta e nove anos após é que foi fundada a Academia de Letras. Por tanto se estenderam de décadas em décadas estudos que já deveriam estar disseminados, identificados e muito bem autenticados pela à Academia de letras.

A Academia de Letras de certa forma reguladora indiretamente e grande influenciadora no ensino básico Brasileiro, apesar dos seus objetivos distintos.

O surgimento dessa instituição no final do século XIX. O fortalecimento dos manuais de estudos históricos da literatura no mesmo período o que mais ficou em evidencia? A resposta está exposta em nossa história escolar, no qual o artificialismo recorrente revela por meio de exercícios isolados não deixa o alunado entender que a leitura tem uma ação cultural, que servirá para toda a sua vida e não é somente para meras respostas de provas na escola ou vestibular.

Vejo que pode ser responsabilidade escolar, como educadores, seres pensantes críticos não devem seguir as influencias muitas vezes de instituições tradicionais que no passado se estabilizaram e ficaram marcadas na história do ensino da literatura e hoje ainda é seguido esse modelo. Quanto à seleção de conteúdos por historicidade, não dar ênfase no conteúdo e suas formas, condiciona o aluno a encontrar as informações básicas das obras literárias limitando o pensamento e, naturalmente o desmotivando porque não veem ligação nenhuma desse discurso com o contexto social. É alheio a tudo isso.

O problema maior, na verdade, não está no conteúdo, porém na metodologia de ensino mesmo o PCNs servindo de estímulo e apoio à reflexão sobre a prática diária do professor, desde o planejamento de suas aulas e o desenvolvimento curricular buscando dar significação ao conhecimento mediante a contextualização a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade.

De acordo com os textos estudados, podemos notar a precariedade e carência da leitura e o ensino de literatura na escola. Conforme podemos observar deveria haver uma conexão entre leitura e literatura, porém essa conexão, as discussões teóricas perdem-se na pratica de sala de aula, havendo mais desencontros do que encontros.

A literatura, a leitura e a teoria literária deveriam estar presentes na pratica pedagógica, no meio escolar, porém não estão. Pois tais disciplinas, de fato, contribuiriam em muito a desenvolver no educando, estratégias cognitivas, linguísticas, metalinguísticas, desenvolver noção de gênero, ampliação da concepção critica sobre o fazer literário e recriação do texto pelo leitor, o que só ocorre no ato da leitura.

O papel da escola é o de formar leitores críticos e autônomos, capazes de desenvolver uma leitura critica do mundo. Na prática, a escola descarrega textos nos educandos, com uma passagem rápida, sem avaliar o contexto, a troca de experiências, a valorização das interpretações dos alunos. A partir daí, o docente deve fazer uma auto avaliação quanto à preparação e programação de suas aulas, identificando se não estão empobrecidas, vagas e com escasso conteúdo.

O que de fato acontece é que a leitura e a literatura são ministradas na sala de aula de forma artificial, visto que o professor limita e estipula o conteúdo e o resultado desejado. Basicamente limita-se a: titulo da obra, nome do autor, descrição das personagens principais e secundarias, entre outros detalhes superficiais que não avaliam, de fato, a compreensão do texto.

Algo que vale a pena ressaltar é o que declara Kleiman (1996) “a leitura fica focada no âmbito escolar como uma tarefa árdua, pois se exige a leitura para realizar exercícios, provas, fichas de leitura, resumos, enfim, visando cumprir tarefas”.

É exatamente isso que ocorre, na medida em que as leituras são impostas, o ato de ler passa a ser encarado como uma obrigação e não como algo prazeroso. O que nota-se é que tais situações ocorrem devido à limitação do docente ao material didático, uma vez que o material didático em nada deve ser questionado e menos ainda digno de criticas, mas sim a limitação, a sujeição do educador à apenas um único material, limitando qualquer outro tipo de visão (Kleiman e Moraes (1999p. 66)). Nós, enquanto docentes, devemos nos preparar, estudar, programar nosso conteúdo para poder passar o máximo de informações e aprendizados aos educandos.

Devemos nos munir com todo material destinado a nós, tais como os PCNs, os livros didáticos, as apostilas fornecidas e unir todas essas ferramentas a fim de ministrarmos uma aula significativa, enriquecedora e prazerosa. O nosso intuito, a nossa missão enquanto educadores é fornecer ao aluno uma visão de mundo, e através da inclusão e abordagem da literatura, da leitura significativa, nós poderemos formar leitores capazes de articular a leitura de mundo.