Resenha Critica

Resenhada por: Maria da Conceição Lima da Silva

Livro: Educação Contemporânea: Caminhos. Obstáculos e travessias

Livro organizado por Arilda Inês Miranda Ribeiro e outros

A presente resenha tem por propósito abordar criticamente questão de gênero, a violência social, raça, religião na escola entre outros e principalmente sobre a avaliação educacional, pois, entendemos que todas as temáticas desenvolvidas neste livro, nos levam para dentro da escola e acreditamos que uma escola não é boa porque não reprova. A escola é boa quando todos os alunos e professores aprendem, ensinam e principalmente se respeitam por isso, nem precisava existir reprovações. Essas reflexões tem como base o livro Educação contemporânea: caminhos, obstáculos e travessias organizado por Arilda Inês Miranda Ribeiro e outros, publicado pela editora da Universidade Paulista Julio Mesquita filho, em 2011.

O livro é composto por quinze artigos de autorias de professores, pesquisadores e discentes distribuídos em temas das quatro linhas de pesquisa da pós-graduação em educação da UNESP Presidente Prudente.

A parte I: processos formativos, diferenças e valores é composta pelos artigos Violência e interdisciplina escolar: um complexo objeto de pesquisa em educação; educação sexual, escola e juventude: conceitos e abordagens em pesquisas acadêmicas; reflexões sobre a superação individualizantes sobre o bullying escolar; Religião não se discute?: Professoras pentecostais, gênero e cidadania nos bastidores do espaço escolar.

A parte II: práticas e processo formativos da educação compõe-se dos seguintes artigos: uso do computador no processo de ensino e aprendizagem: norteadores teórico-metodológicos da prática docente; sequencia didática: possibilidade do ensino de estatística; concepções sobre uso de TIC: uma investigação a partir da prática dos professores de matemática; interações verbais e o uso de atividades práticas no ensino de Física; a dinâmica de interações verbais em sala de aula e Educação física: o jogo como proposta de conteúdo na formação de valores.

A parte III: Infância e educação é composta por três artigos acerca da educação formal contemplando e agregando-se a políticas públicas voltadas para a infância com os seguintes títulos: Políticas públicas para a educação infantil: construção de um projeto educativo; Concepções e práticas de educação infantil sobre desenvolvimento humano na escola e Formar leitores: mediação e espaços de leitura.

Por último, a parte IV Políticas públicas, organização escolar e formação de professores é composta pelos dois artigos O início da carreira docente: dificuldades, preocupações e sentimentos de professores iniciantes e Justiça restaurativa na escola: teoria e prática no contexto de uma escola na grande São Paulo.

As temáticas são abordadas teoricamente circunscritas em suas áreas específicas de forma exemplar no sentido prático, pois todas explanam conceitos e suas respectivas aplicações práticas no cotidiano social tanto da escola como do extraescolar. Trazem à discussão temas e assuntos pertinentes na complexidade da sociedade contemporânea, tais como a questão de gênero, a violência social, raça, religião na escola, avaliação educacional, formação e qualificação docente, tecnologia como subsídio para práticas docentes dentre outros que, em interlocuções, produzem um amálgama interessante para profissionais da área de educação.

Em um dos pontos os autores nos levam a refletir sobre a temática avaliação educacional, principalmente sobre o saber e a importância do ato de avaliar, buscando instigar os leitores sobre o entender que ainda na contemporaneidade existe a permanência de velhas práticas avaliativas classificatórias e excludentes, especialmente se nos reportarmos às escolas de anos finais e de ensino médio e até mesmo da educação infantil. Diante dessa realidade, eles apresentam ainda uma importante reflexão sobre a construção e vivencia da avaliação educacional emancipatória no espaço escolar, que deveria antes tudo ser pensada como uma prática pedagógica a serviço da aprendizagem, isso requer a compreensão do papel de todos os atores escolares, assim como o da responsabilização do Estado para melhorar a qualidade da educação pública em geral.

Como dito acima, os autores são pesquisadores professores e estudantes do programa de educação em educação da UNESP, Presidente Prudente/SP, e tratam os temas e assuntos de forma clara a exemplo da necessidade de se discutir a religião na escola de maneira sincera, pois a vida religiosa é um direito dos alunos e cabe à escola adotar orientações de acordo com a pertinência e orientação religiosa da comunidade.

Questões complexas não no sentido de seus respectivos conteúdos, mas no que politicamente se constrói em volta delas, como a questão de gênero e a raça, são conteúdos de muita importância para a formação escolar, pois em abordagens em biologia em diálogos com as ciências humanas pode-se proporcionar aos alunos conteúdos razoáveis que os façam entender que gênero é a prática sexual adotada e aplicada por cada pessoa e a raça é uma mera diferença da cor da pele não interferindo e nem comprometendo em nada para que se presuma ou atribua diferenças mais significativas e decisórias além da cor da pele.

São artigos, portanto, muito bons que podem instrumentar tanto aulas na área das licenciaturas como podem ser subsídios individuais para cada professor em suas respectivas áreas de conhecimento e disciplina escolar. Além dessa importância e de suas qualidades, trazem conteúdos que podem ser aplicados nas próprias aulas de qualificação docente porque trazem à discussão realidades práticas e teóricas da educação formal como atividade dialética a exemplo do que Carlos Alberto Torres afirma com relação a pedagogia freireana e a dialética hegeliana especificamente na Alegoria do senhor e do servo na qual ambos são conscientes de suas mútuas interdependência fazendo de suas relações processos epistemológicos para se hominizarem histórica e culturalmente.

Ceicasil
Enviado por Ceicasil em 24/11/2017
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