O autor dos mistérios: Machado de Assis

Machado de Assis escritor, cronista e literário renomado, considerados por muitos críticos literários como escritor do Romantismo para outros é de transição de Romantismo para o Realismo. Traz em suas obras o encantamento pela literatura, na qual faz o leitor repensar em si e na sociedade.

Dentre muitas de suas obras destacamos o conto a Missa do Galo, onde nos remota ao século XVIII, nos dando a oportunidade de conhecer o final da época imperial brasileira. Seu tema central é o suposto adultério de Nogueira sobrinho de Meneses com sua esposa Conceição, a história ocorre quando Nogueira vai visitar seu tio e decide passar uns dias na sua casa, começa a ter contato com Conceição, Meneses era escrivão e também marido dela, sai a noite para as casas de mulheres e traía a esposa descaradamente, ainda se mantinha ausente na família.

O casamento de ambos mostra a visão patriarcal da época no país, onde “ o homem” era o detentor de todo o poder, que tomava todas as decisões. Seu sobrinho se manteve instalado em sua casa por alguns dias, na última noite que ficaria, decidiu que iria assistir a peça “ A Missa de Galo na Corte”, se mantendo acordado, lia um romance “ Os três mosqueteiros”, na poltrona da sala de jantar com alguns minutos de leitura, esperando chegar o horário de meia noite para assistir a peça com o vizinho, como haviam combinado. Conceição aparece, caminhando pelo corredor, senta- se ao lado dele e então inicia- se um diálogo entre os dois.

Ela o pergunta se ele já leu o romance “A Moreninha”, eles falam de livros, mas em muitos momentos da conversa permanecem calados. Nogueira rapaz jovem, vistoso, personagem principal da obra, desconhece os costumes tradicionais, na qual se espanta com o hábito de dormir cedo, as dez horas da noite todos da casa já estavam deitados. O próprio desperta o interesse pela esposa de seu tio, no momento da conversa deles, ele a ver endireitando a cabeça, cruzando os dedos, pousando o queixo sobre a mesa e os cotovelos nos braços da cadeira, ele a observava.

O clímax da história ocorre quando Conceição afirma que devem falar mais baixo e então se aproximam, tão próximos que ambos cochichávamos de tão perto fisicamente que estavam. Quando inesperadamente o vizinho chama por nogueira para irem assistir “ A missa de Galo na Corte”, então Conceição vai se deitar. O rapaz hospede, vai embora mas sempre se indaga o porquê que ela teve aquela conversa com ele, meses depois soube que Meneses havia morrido e o seu escrevente do testamento se casou com a viúva.

O tempo dessa obra Machadinha é cronológico, pois é mensurável em anos mostrando a ordem dos fatos, o lugar a onde acontece- a em casa, em uma cidade. Seu meio social, é uma sociedade tradicional que mantém valores passados. Narrado na primeira pessoa, por Nogueira, ele participa diretamente da historia, descreve a família a qual passou uns dias como hospede e em particular, Conceição para ele era uma “santa”, se resignava a tudo, suportava os esquecimentos e ausência do marido, atenuada e passiva, simpática, não falava mal de ninguém, enfim uma pessoa tranquila.

Portanto, a própria obra permite que o leitor adquira um certo conhecimento de como era a sociedade quando foi produzido esse conto. E mostra que mesmo nessa época, já havia a possibilidade de um relacionamento amoroso entre um rapaz mais jovem e uma mulher mais velha.