A Questão das biografias - Rosângela Inojosa Galindo

ESCRITOR DA SEMANA

Diário de Sorocaba, domingo e segunda-feira,19 e 20 de agosto de 2007

A Questão das biografias

Todo biógrafo, seja historiador ou não, depara-se com uma séria questão ao eleger seu objeto de estudo: qual metodologia usar.

Normalmente recorre-se às fontes de memória oral, coletiva, oficial, arquivos pessoais ou de terceiros etc., ou seja, qual amostra da matriz da história será considerada para desenvolver determinada pesquisa e conseguir recuperar o passado, remontando-o com isenção, para apresentar uma reconstrução que realmente consiga compor uma história fiel aos fatos e ao contexto social que a gerou.

Ater-se a uma ou outra fonte incorre no risco do biógrafo deixar escapar ou não investigar a fundo informações que elucidariam os hiatos de tempo, os conflitos pessoais ou sociais, as pressões de caráter político, ideológico ou religioso, por não utilizar todo o instrumental disponível para a compreensão dos mecanismos que compõem a complexa rede de significados de uma existência.

Há biografias que ficam tão atreladas a uma voz, a uma interpretação, que dão a impressão que houve uma linearidade em todos os acontecimentos e que tudo se explica por um só viés, deixando, por isso, de reconhecer e apontar as subjetividades inerentes a qualquer história de vida.

Deparar-se com um trabalho profundo, de extensa e minuciosa pesquisa, que não poupe o biografado de possíveis julgamentos por quem lê sua trajetória, estimula a produção de mais obras para a compreensão da própria história e das histórias dos outros povos.

Saber preservar a tradição e valorizar o presente e o futuro é o grande desafio de qualquer pesquisador que queira socializar o conhecimento e difundir as diversidades. (Rosângela Inojosa Galindo)

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 19/08/2007
Código do texto: T614051