Livro: Frankenstein - Mary Shelley
Frankenstein ou o Moderno Prometeu é uma obra clássica imortalizada em um romance de terror gótico, que deu início a uma série de inspirações tanto na literatura quanto no cinema, sendo enraizado na cultura ocidental, criação de uma escritora britânica, conhecida por: Mary Shelley, entusiasmada por discussões filosóficas e ciências naturais.
Ao longo da trama a escritora se apropria de descrições composta por metades antitéticas de um mesmo ser... O monstro e seu criador, guiadas por miscigenações da personificação de emoções e intelecto junto a inclinações que um mesmo ser pode ser capaz de cultivar e simultaneamente devastar, instigando aos questionamentos psicológicos e comportamentais.
O enredo conduz certa estranheza ao leitor, quando denotado que na verdade Frankenstein era o nome não do mostro, mas de seu criador, uma imagem um pouco diferente de como desde cedo somos apresentados a história e como o conjunto de meios de comunicação sempre associa diretamente a imagem do mostro com o sobrenome de seu criador.
Uma história forte, acarretando diferentes sensações no leitor como inquietudes, angústias e horror psicológico, um espaço repleto por terror.
Resenha do livro
O livro tem início com a narração de Robert Walton com o intuito de escrever suas experiências e desventuras para sua irmã Margaret Saville, que reside na Inglaterra.
Walton é um capitão de navio que com sua tripulação segue em rumo ao Pólo Norte, com um desejo que leva consigo de sucesso a novas descobertas.
Se encontra preso entre gelos junto ao seu navio, enquanto ele espera o derretimento do gelo se depara com um estranho: Victor Frankenstein, Walton o resgata e lhe dá os cuidados necessários para uma boa recuperação, enquanto mais tempo o capitão passava perto de seu hóspede, mais aumentava a afeição, a admiração e piedade, reconhece no resgatado a força e a ambição de um jovem e suas consequências trazidas, que assim como ele está à deriva.
Enquanto o hóspede se recupera e começa a contar sua história para o capitão Walton.
Victor Frankenstein era um jovem de naturalidade suíça, fora muito entusiasmado a curiosidades e os estudos das ciências naturais, sua fixação era mais específica
no ramo da alquimia, que combinava enigmáticas áreas de conhecimento como a (arte, geometria, química, filosofia, física, medicina e metalurgia) cujo principal objetivo era a transmutação de uma matéria para outra, ele confiava cegamente na possível criação do exilar da vida ou da imortalidade, sendo assim, passou a se dedicar a vida em seus próprios estudos.
“Eu seria o primeiro a romper os laços entre a vida e a morte, fazendo jorrar uma nova luz nas trevas do mundo (...). Ressurreição! Sim, isso seria nada menos que o poder de ressurreição. ”
Quando faz 17 anos, Victor segue para estudar na Universidade de Ingolstadt, situado na Alemanha, com a instrução de conselheiros acadêmicos e com grande desejo junto a ambição preservados em si, deu início a experimentos e estudos com cadáveres, ele consegue sucesso e dá vida a uma criatura a partir de matéria morta.
O medo e o terror lhe tomou conta ao ver sua criação, Victor se mostrando alheio à moral, abandona sua própria criação, aquela que sem nome, que seria reconhecida mais tarde com o nome de seu criador, desde cedo lhe foi renegado o direito de ser compreendido, ter que lhe dar sozinho com atitude discriminatórias somente por ser diferente aos olhos dos homens, visto como indigno de amor por sua própria aparência, o despertaram sentimentos negativos, acompanhado por comportamentos de injúria, hostilidade, agressiva e persecutória pelo seu criador.
Ao longo da narrativa os sentimentos do leitor podem ser alternados entre simpatia pelos comportamentos de pureza, benignidade e projeções do desejo da criatura de algum dia ser aceito e outra hora já é aguçado outro tipo de sentimento do expectador, aquele que a criação depois de ser desprezado e desprovido de compaixão, e seus bons sentimentos negados, exposto a humilhação, começa a alimentar um sentimento de vingança, crueldade e impiedade.
"(...) ferido pelas pedras e toda sorte de objetos, que me arremessavam, fugi para o campo aberto e, cheio de medo, busquei refúgio numa cabana acachapada."
"Devo ser tido como o único criminoso quando todo o gênero humano também errou contra mim?"
Victor Frankenstein e sua criatura estão constantemente atiçando sentimentos separados por uma linha tênue de comoção e desalento a revoltas, sentimentos opostos são muito comuns ao longo da leitura, onde nos encontramos em atribulação o suficiente para duvidar de nossa própria capacidade de julgamento.
"Também eu posso criar desolação! O que me fizeram com a vida, pago com a morte. Meu inimigo não é invulnerável. Esta morte há de causar-lhe desespero, e mil outras desgraças o atormentarão até destruí-lo."
Tanto o criador quanto sua criatura foram cercados por desolação, melancolia e grande tormento, algumas horas fica mais difícil a distinção de quem seria de fato o monstro. Descrito com detalhes os cenários, as paisagens sombrias como Alpes Suíços onde Frankenstein nasceu e fora criado.
A narração permite ver a história em distintos pontos de vistas, por cada um dos personagens terem a oportunidade de expressar, o que aumenta a comoção e a inquietação, embora é Walton que sempre retoma os depoimentos passando para forma de escrita, dando espaço ao Victor Frankenstein e a criatura.
Uma leitura dramática repleta e carregada de ódio e horror, onde se caracteriza questionamentos sobre o preço do conhecimento, há fronteiras para a ciência? Seria uma punição de ir além de estar preparado? Reflexões do começo ao fim... ambientado da ausência de harmonia, onde há somente espaço para o terror, cercados por escolhas e atitudes amorais e os velhos ressentimentos, uma combinação perigosa, guiada pela vingança que trouxe apenas transgressão e esse último a violência, uma relação de aflição e agonia entre o criador e sua criatura que tudo que mais ansiavam era que suas perspectivas fossem enfim compreendidas.