“Ensino de Ciências e Cidadania” de Martha Marandino e Myriam Krasilchik
O livro Ensino de Ciências e Cidadania realiza, ao longo de seis capítulos, uma análise das tendências presentes no ensino básico de ciência, levando em consideração o que realmente é essencial para que o objetivo do ensino de ciências seja realmente alcançado, e disponibiliza em um sétimo capítulo um leque de atividades desenvolvidas para o ensino da disciplina.
Como dito anteriormente, antes de levantar atividades e propostas para o ensino de tal, as autoras realizam uma reflexão sobre o objetivo e as tendências dessa disciplina no papel de formação do cidadão. Elas enfatizam ao longo de todo o texto que é essencial que o indivíduo esteja preparado para refletir e analisar problemas complexos que ultrapassam as barreiras das disciplinas presentes no nosso currículo escolar.
No primeiro capítulo, chamado O Cidadão e a Alfabetização Cientifica, elas apresentam a importância que o ensino de ciências possui nos dias de hoje, afinal a ciência está muito presente em nossa vida. Outro ponto importante levantado é que o “processo de alfabetização em ciência é contínuo e transcende ao período escolar” (p.10), portanto, precisamos estar sempre atualizados e buscando novos conhecimentos na área.
Já no segundo capítulo, Alfabetização Cientifica e Cidadania, as autoras traçam um panorama geral do ensino de ciência e os seus objetivos a partir da década de 60. Elas mostram como, ao longo dos anos, os objetivos em relação ao estudo das ciências foram sendo alterados e como essas mudanças afetam a divulgação da mesma.
As autoras destacam a questão da divulgação científica no capítulo 3 através do autor Barros. Ele propõe cinco categorias para a realização da divulgação científica, sendo elas: a divulgação utilitária, que está relacionado ao resultado de um trabalho científico; a divulgação do método, que mostra como os resultados ou conceitos foram obtidos nesse trabalho; a divulgação dos impactos, que identifica formas de aplicar as descobertas; a divulgação dos avanços, que apresenta a ciência como um processo continuo e acumulativo; e a divulgação cultural, que é a forma que mais se preocupa com o contexto no qual a pesquisa está inserida.
É importante, também, o momento em que é levantado mais profundamente o conceito de “alfabetização científica”. Segundo as autoras, Martha Marandino e Myriam Krasilchik, “ser letrado cientificamente significa não só saber ler e escrever sobre ciência, mas cultivar e exercer as práticas sociais envolvidas com a ciência, em outras palavras, fazer parte da cultura científica.” (p.17).
Elas também afirmam, no capítulo 4, que quando a ciência é levada para uma perspectiva cultural ela “implica fomentar políticas e ações de parcerias entre as diferentes instituições e atores” (p. 20) e “compreender que não somente os produtores da ciência são responsáveis por realizar a divulgação e/ou definir tais políticas” (p. 21).
No quinto capítulo, Krasilchik e Marandino mostram o papel da escola na produção do conhecimento científico. Elas deixam claro que apenas a escola “não tem condições de proporcionar todas as informações científicas necessárias para a compreensão do mundo” (p. 22), porém elas enfatizam a necessidade de uma ação de parceria entre ela e outras instituições para garantir a alfabetização cientifica.
Além disso, elas afirmam que é necessário adequar as escolhas de temas e atividades ao público as quais são destinadas, pois “nem todo conhecimento é fundamental para todos os grupos sociais” (p.24).
Em um último momento, capítulo 6, as autoras levantam documentos que possuem como objetivo a análise e a reflexão do ensino de ciências atual. Além disso, é neste capítulo que elas retomam as questões mais importantes retratadas ao longo do livro.