A felicidade das borboletas
Camila Hernandez Freire 8532700
Resenha do livro: “A felicidade das borboletas”
Título: A felicidade das borboletas
Autora: Patrícia Secco
Ilustrador: Daniel Kondo
Ano de publicação: 2005
Editora: Fundação Educar DPaschoal
A autora aborda em suas obras temas vinculados à cidadania, inclusão
social e meio ambiente, todos eles destinados ao leitor infantil. O seu interesse
por tal vertente literária deuse a partir do nascimento de seus dois filhos e de
sua crença em que a educação destinada às crianças pode resultar em um
mundo melhor.
O livro é contado em uma narrativa escrita em primeira pessoa, onde
Marcela relata sua trajetória como uma menina portadora de deficiência visual,
sendo o foco o dia de sua apresentação de balé. Para isso, ela explica de onde
surgiu o seu interesse pela dança, mostrando que foi desencadeado pelo
apreço que tinha pela música, uma vez que trazia à menina sensações muito
peculiares.
O título da obra A felicidade das borboletas faz referência ao que
Marcela sentiu ao entrar em contato com estas, o que pode ser verificado em:
No mês passado, quando eu perguntei o que era uma
borboleta, minhas amigas trouxeram muitas para mim.
Colocaram as borboletas nas minha mãos, fizera com que eu
sentisse suas asas delicadas e depois me ajudaram a soltálas...
E eu sei que elas voaram para bem longe, felizes e livres.
(SECCO, 2005, p. 11)
A dança é uma analogia ao voo e a sensação de liberdade que estes
delicados animais proporcionam. Marcela prendese à ideia de que ao dançar
representará o voo delicado e libertador das borboletas. Sua apresentação tem
como intuito extravasar e mostrar aos outros a sua forma de enxergar e viver o
mundo. Além disso, ressalta a interação e a amizade entre as crianças,
independente de portarem ou não necessidades especiais.
No quesito amizade, a história expõe uma nova concepção, ilustrando a
capacidade das crianças de ajudarem Marcela em suas descobertas, seja com
objetos ou em questões relacionadas à sua vivência. A menina mostra afeto
por suas amigas vinculadas ao balé e ressalta atitudes que fazem destas parte
integrante de seu crescimento.
“Minha professora é muito especial. Ela me apresentou às outras
crianças, explicou como poderiam me ajudar a ser uma bailarina e hoje
elas são minhas melhores amigas...” (SECCO, 2005, p. 08).
Em análise acredito que o livro deve ser direcionado à crianças entre
cinco e oito anos, pois as que não pertencem a tal faixa etária poderiam achar
a construção textual demasiadamente infantil. Desta maneira, o leitor pode
perceber na personagem Marcela uma nova realidade na forma de encarar a
vida. A rotina vivida pela meninas, mesmo com suas limitações, é facilmente
comprada à das demais crianças.
Ela tendo nove anos, é natural que vontades infantis, como brincar, fazer aulas
de balé ou explorar o mundo ao seu redor, apareçam e se tornem essências
para a sua construção pessoal e de sua infância. Perceber outras maneiras
não tão óbvias de construir esta infância é primordial para que este indivíduo se
sinta parte integrante da sociedade.
Assim, a imagem de um deficiente visual retratada no livro carrega
consigo elementos capazes de aproximar e fazer com que o leitor infantil
assimile que tais maneiras, utilizadas por estes, também “cabem” no convívio
social.
A autora explora no contexto criado capacidades às vezes
desestimuladas, como, no caso de Marcela, a dança. E de uma maneira bem
infantil mostra possíveis mudanças nestes estereótipos. No entanto, a
demasiada infantilidade lúdica empregada no texto talvez seja maléfica no que
diz respeito à eficiência das conscientização que deveria ser transmitida.
As atitudes da menina, por exemplo, poderiam ser criadas a partir de
uma realidade mais palpável e verdadeira para as crianças. O sentimentalismo
presente na personagem não é genuíno para alguém desta faixa etária, tão
pouco sua aceitação e autodenominação de um ser especial. Acredito que a
obra não é apropriada para utilização em atividades educativas, pois existem
formas mais concretas e verdadeiras de retratas o cotidiano de alguém com
necessidades especiais. O esclarecimento da existência natural das
diversidades humanas é fundamental para a construção de uma sociedade não
segregada.
É evidente que a tentativa de conscientização é clara no texto, mas não
obtém o êxito esperado por estar aquém do real, como por exemplo a
ilustração de Marcela que está sempre de olhos fechados, ou a maneira
utilizada na verbalização de suas ações.