Helena Souza para o conto NO NHUMIRIM, PERTO DA LAGOA
Menininho, homem grande! Que desse sonho você mata o leitor que ficará completamente tonto de lindeza! Depois dessa leitura, cada um ficará qual uma jiboia inchada de palavras brilhantes!
Ainda continuo alimentada de brilho das palavras, mas muito mais, pois olhei miudinho.
Vi o “silêncio de cobra”, aviso nas palavras da mãe, tecer a armadilha enredadora do caudal. E pontos finais apenas no primeiro e último parágrafos a dizerem que tudo que se conta é a própria “tromba d’água” já inscrita no destino bem antes do dizer em palavra. Agora, tudo preso na folha de papel, afoga quem tem que se afogar e deixa na terra quem nela tem que plantar.
Equilibrado na pinguela o menino há de ser tomado da torrente que, quebrando-lhe as pernas, oferece-lhe nadadeiras para a vida inteira, na mão sempre restante do pai salvador.
Há na lagoa uma grande onda engolida, uma morte, uma ressurreição
“não queria deixar nada e juntava tudo de olhar, tudo o que podia precisar se um dia fosse. E de olhar pra tudo como se fosse um mapa eu me perdia”
Tomo que o dia de precisar o abraçou para sempre e vc está sendo bem guiado pelo mapa que se decifra ante suas palavras em busca do tesouro.
Helena Souza