A administração capitalista.
PARO, Vitor Henrique. A administração capitalista. In: Administração escolar: introdução crítica. - 14. ed. – São Paulo: Cortez, 2006.
• “Comecemos por examinar as relações de produção vigentes no modo de produção capitalista, as quais acabam por determinar, embora em última instância, a forma como essa sociedade se organiza. Essas relações se constituem em relações de exploração de uma parte da população sobre a outra, sob a forma de apropriação do produto do trabalho alheio. Essa exploração só é possível porque o trabalho, nessa sociedade, produz um excedente.” (p.35)
• “É importante notar, de passagem, que essa constatação, aparentemente muito simples, de que o homem, há muito tempo, e em especial na sociedade capitalista, é capaz de produzir para além de suas necessidades imediatas, é de particular importância para a explicação das verdadeiras relações de produção que têm lugar em nossa sociedade. E não deve ser por acaso que ela seja insistentemente omitida toda vez que se pretende camuflar a exploração capitalista do trabalho.” (p.36)
• “Cabe perguntar, em seguida: o que é valor? Do que é constituído? O que o determina? Vimos que sua expressão é o valor de troca, mas, qual sua substância?” (p.38)
• “Compõem os meios de produção: a matéria-prima e os instrumentos de produção.” (p.40)
• “Força de trabalho ou capacidade de trabalho é toda energia humana gasta no processo de produção, ou seja, “o conjunto das faculdades físicas e espirituais que existem na corporalidade”, na personalidade viva de um homem e que ele põe em movimento toda vez que produz valores de uso.” (p.41)
• “O valor da força de trabalho se mede pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la.” (p.41)
• “O processo de produção capitalista só se sustenta, pois, a partir da exploração do trabalho alheio.” (p.44)
• “A administração, ou a utilização racional de recursos para a realização de fins, adquire, na sociedade capitalista, como não podia deixar de ser, características próprias, advindas dessa situação de domínio.” (p.45)
• “O trabalho subordina-se, pois, ao capital. Marx chama a isso de subsunção formal do trabalho ao capital.” (p.46)
• “Essa mais-valia produzida pelo prolongamento da jornada de trabalho e/ou pelo aumento de sua intensidade – e não pelo aumento da produtividade do trabalho – é chamada de mais-valia absoluta.” (p.46)
• “Os primeiros tempos do capitalismo se caracterizam e têm por base essa produção da mais-valia absoluta, em que se conjugam de maneira extrema o prolongamento da permanência do trabalhador a serviço do capital e o aumento da intensidade de seu trabalho.” (p.47)
• “Para o capitalista, o consumo da força de trabalho é condição imprescindível para que o emprego dos meios de produção resulte em mercadorias.” (p.48)
• “A divisão de trabalho individualizada do trabalho, ao fixar o trabalhador em uma única operação, elimina essas lacunas, concorrendo assim para o aumento da produtividade.” (p. 52)
• “Não pode haver administração se não houver racionalidade na utilização dos meios, com vistas à concretização de fins.” (p.56)
• “A responsabilidade que o capitalista precisa assumir, no processo de produção, decorrente de seu exacerbado interesse na plena utilização dos meios de produção e da força de trabalho, confronta-se com a justificada indiferença do trabalhador por um trabalho cujo resultado não mais lhe pertence.” (p. 60)
• “A necessidade da gerência, enquanto controle do trabalhador, se deve ao fato de ser o processo de produção capitalista, ao mesmo tempo, inevitavelmente, processo de valorização do capital e processo de exploração da força de trabalho.” (p.61)
• “Ao dividir o ofício em seus elementos mais simples, a produção capitalista está, ao mesmo tempo, promovendo a desqualificação do trabalhador.” (p. 62)
• “É fundamentalmente dessa separação entre trabalho intelectual e manual, proporcionada pela divisão pormenorizada do trabalho, que a gerência capitalista extrai as forças necessárias ao controle da atividade produtiva do trabalhador.” (p.63)
• “Essa burocratização das atividades no interior das empresas apresenta-se duplamente vantajosa à administração especificamente capitalista.” (p.68)
• “Ao procurar minimizar esse movimento de repulsa do trabalhador às condições do trabalho capitalista, ao mesmo tempo em que promove a organização, sistematização e rotinização das atividades no interior da empresa, a administração capitalista tem como fim o incremento da produtividade geral do trabalho, com vistas à expansão do capital.” (p.72)
• “Os administradores estão sim buscando objetivos que são seus, mas dentro da margem de liberdade que lhes é proporcionada para atender aos objetivos do capital.” (p.74)
• “Afinal, numa sociedade verdadeiramente democrática, em que a propriedade é o homem vivendo em colaboração recíproca, sem as marcas da dominação característica da sociedade de classes, continuará havendo, e certamente em maior medida, a necessidade da utilização racional dos recursos em vistas à realização de fins.” (p.78)