Pancas-ES, primavera de 2016. - A FUGA DO LUGAR DAS SOMBRAS
Pancas-ES, primavera de 2016.
O escritor Adriano Cipreste, tendo nascido e vivido numa cidade que a imaginação e a legislação consagraram como “Cidade Poesia”, também se consagrou à literatura. A Lei Municipal N° 060/68 diz “Não há quem passe por esta cidade e que não sinta nela atração pelas suas coisas e pela beleza natural da sua forma e dos seus contornos. Aqui tudo é motivação. Tudo é sorriso. Tudo encantamento.” O que Adriano fez dessa motivação é o seu A FUGA DO LUGAR DAS SOMBRAS. Livro e escritor nascem irrefutavelmente sob a égide do Pancas.
O que irá desafiar leitores e leitoras é perscrutar nas linhas, entrelinhas, na imagem do autor e de sua cidade é a chave de leitura da obra. Muita coisa está patente, outras nem tanto. A familiaridade com o autor e com a cidade poderão dar uma boa medida para o envolvimento e mergulho na obra. Para além dessa recepção familiar, há a possibilidade da recepção totalmente construída pelo leitor, tendo como referência sua própria subjetividade e o habitus do qual é oriundo. Além disso, fuga e sombra do título vão nortear o caminho pelo labirinto proposto pelo autor.
Antoine Compagnon, na concorrida conferência inaugural de uma nova cátedra de literatura do Collége de France, em 30 de novembro de 2006, aponta para a literatura como vítima de uma era da suspeita. Ela sofre a concorrência da indústria cultural que nos abastece diariamente com conteúdos idiotizantes e é massacrada como disciplina escolar. Desse modo, cabe bem a pergunta: o que levou Adriano a escrever o seu primeiro romance? Batizado com nome de imperador, ele quis resistir!
Para Gabriel Perissé, intelectual carioca, ler é uma fuga em direção ao mundo, “Aparentemente absorto do mundo, quieto em seu canto e distante de todos, o leitor está fugindo em direção ao mundo.” A leitura da obra de Adriano é uma ótima oportunidade de fuga, mas em direção ao mundo que queremos construir como leitores que resistem!
(Ronis Vila Verde, poeta e doutor em Letras)