Apontamentos: A visão pós-moderna em Baumam
Apontamentos sobre a visão pós-moderna em Bauman
Zygmunt Bauman, sociólogo polaco e grande estudioso da sociologia moderna, aborda em seus trabalhos temas como a era pós-moderna, a globalização e suas consequências humanas. O autor aponta vários enfoques sobre questões da atualidade, apresentando teorias significativas para o campo do saber contemporâneo.
Bauman, confronta visões que distinguem o atual momento que vivemos (XXI) do século passado. Para ele a modernidade teve seu apogeu no século XIX e a partir do século XX o homem percebe que muito dos ideais gerados pela época não passavam de ideias utópicas. Desse modo a modernidade apresentou um otimismo movido por uma incansável esperança humana diante das guerras e problemas daquele momento, no entanto, o autor usa a metáfora de “sonho colorido” para se referir a esta fase.
É observado por Zygmunt que os modernos falharam em seus propósitos e infelizmente não conseguiram terem êxitos para solucionarem as principais inquietações, ainda que fossem movidos pelo racionalismo, à ciência e materialismo histórico, estes não foram capazes de promover soluções para os problemas do homem naquele período.
Chegado o século XXI, conforme Bauman, acordamos daquele sonho colorido e com a real consciência de que fracassamos. Antes a humanidade achava que estava descobrindo a razão para explicar o universo e que de certo modo estávamos percorrendo caminhos para se chegar a algum lugar. Triste pesadelo foi despertarmos ao século da evolução das máquinas, agora, em ambiente pós-moderno, a análise do autor permite a compreensão de que o homem perde toda a segurança que o movia, não há mais conceitos sólidos, não existe um caminho correto. Estamos no auge de uma insegurança ideológica, de um verdadeiro holocausto, este que pôs o mundo ao contrário de qualquer ordem.
Para adentrar na instabilidade gerada por esta época, Bauman responsabiliza a globalização, apontando suas consequências humanas. Para ele a globalização assume uma característica paradoxal, uma vez que “A globalização tanto divide como une; divide enquanto une” (BAUMAN, 1999, p. 8). Segundo o mesmo a medida que a sociedade se tornou globalizada, foi promovendo uma ferramenta de exclusão e desvalorização humana. O capitalismo tem oferecido um mundo vasto para as elites, enquanto acentuam as misérias nas classes de menor poder socioeconômico. O Estado que antes era unidade máxima de poder passou a ser condicionado pelos fatores econômicos.
E sobre isso, é identificado a influência marxista, Baumam enfatiza o papel das classes, apontando que num mundo globalizado os patrões não ficam mais presos a noção de espaço. A ideia de lugar está aberta, a elite pode habitar aonde escolher, antes o mundo era fechado e a globalização descortinou todo um mundo desconhecido. A vista disso, não há mais uma ideia de se fixar a algum espaço. O homem contemporâneo está sempre sujeito ao deslocamento.
Antes os países, cidades, tinham fronteiras para protegerem seus povos, hoje não há mais limites geográficos, tudo é de todo o mundo, as exceções são apenas reveladas pela economia. A elite tende a impor os limites de distanciamento do outros povos. Cada vez mais os homens de classes econômicas diferenciadas se misturam menos. Ricos tem o poder de isolamento, grandes de proteção, muros altos que sugerem a formação de sociedades heterogêneas. Nessa lógica, a burguesia consegue romper barreiras de localização, tornando o espaço físico muito mais amplo.
Outra consequência inferida pelo sociólogo é o desenfreado consumismo, segundo ele os filósofos antes se perguntavam se “o homem trabalha para viver ou vive para trabalhar, a questão de hoje é; o homem consome para viver ou se o homem vive para consumir”. Levado pelos desejos de ter, o consumismo fez com que a indústria e o comércio se tornasse cada vez mais competitiva e o homem passa a ser visto é visto conforme Bauman como um produto, sem muitas referências, entre tanta gente o que define a identidade de cada um é o que consome, os lugares que frequentam, a roupa que usa. A pessoa se torna aquilo que consome.
Vale ainda ressaltar que a globalização deixou o mundo menor e mais dinâmico em possibilidades, trouxe uma grande riqueza tecnológica, mas ainda assim o que marca o pensamento de Bauman são as influências comportamentais desse processo de globalização na formação da sociedade pós-moderna. Vivemos o futurismo que torna tudo em movimento e “Não se pode ficar parado em ‘areia movediça’” (BAUMAN, p. 86, 1999).
Se o mundo fosse parado, o homem poderia até permanecer imóvel, mas hoje tudo muda o tempo todo e as tecnologias propõem uma movimentação humana, em que exige novas posturas do homem que não deve mais se acomodar a solidez conformada de outrora. O homem precisa correr, já que “tudo que era sólido, agora se desmancha no ar”, a modernidade se tornou tudo em liquido e as coisas já não têm mais formatos, elas simplesmente se espalham facilmente no ar, valores, sentimentos, objetos, tudo está sujeito à liquidez da era pós-moderna. E assim, Bauman diagnostica todo esse presente movido pelo pessimismo, incerteza e pelas falsas promessas geradas pela globalização.
Referências (leituras) :
BAUMAN, Zygmunt (2001). Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
https://www.youtube.com/watch?v=58MMs5j3TjA- Zygmunt Bauman e a Pós-Modernidade