O que Freud não explica, Dawkins desmistifica

DAWKINS, Richard. O gene egoísta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Mais de um milhão de cópias: a obra de Dawkins, "O gene egoísta" conseguiu a proeza de replicar-se, exatamente como o seu objeto de estudo-o gene.

Utilizando-se largamente de metáforas, comparações e digressões, o zoólogo defende a tese de que o gene usa o organismo como veículo para a sua multiplicação.

O autor do livro cita inúmeros exemplos que sustentam a sua tese: do comportamento dos cucos, passando pela questão da proteção materna dos mamíferos e até o fenômeno da menopausa humana- tudo é descrito para que haja a efetiva compreensão dos conceitos.

Extrapolando a área biológica e entrando na vida do bicho homem, o cientista menciona também o conceito de meme, que, simplificadamente falando, é a unidade que carrega consigo a herança cultural e, assim como o gene, faz cópias de si mesmo.

Nem é preciso dizer que o senso de humor também é o tempero para o sucesso do texto de Dawkins: embora o livro seja consideravelmente extenso e contenha um tema que pareça "hermético" aos leigos, o conteúdo é de fácil digestão e tem um paladar agradável. No quesito fruição, portanto, trata-se de uma obra ímpar.

Reducionista e determinista ao extremo? Para alguns críticos, sim. No entanto, é inegável a coerência e a argumentação, meticulosamente tra(n)çadas pelo escritor para sustentar a sua ideia genial e replicadora. Afinal, como não falar sobre genes e memes nos dias de hoje?