Resenha: Ecopedagogia e Cidadania Planetária.
Resenha:
Ecopedagogia e Cidadania Planetária.
Professor MS. João Beauclair
Este interessante livro trata de uma temática essencial para a educação do século XXI. Desde a sua apresentação, intitulada Cidadania Ambiental, elaborada por Alicia Bárcena, e a apresentação feita pelo eminente educador brasileiro, Moacir Gadotti, com o texto Cidadania planetária, a temática Ecopedagogia ganha destaque e exemplificação. Trata-se, entretanto, de um livro oriundo de um programa coordenado pelos autores Francisco Gutiérrez e Cruz Prado, organizado pelo PNUMA – Programa de Cidadania Ambiental Global.
Oriundo de uma travessia histórica, o problema ambiental supõe o reconhecimento e a prática da planetariedade, que é percebermos o planeta terra como um ser inteligente e vivo. Isso se refere a uma mudança paradigmática onde a dimensão educativa ganha ênfase cada vez maior. No decorrer dos capítulos que compõem as diferentes partes do livro, ganha cada vez mais destaque a idéia de que somos todos parte de uma mesma Nave Mãe Terra, como sempre nos lembra Leonardo Boff.
Na primeira parte deste livro, temos os referenciais teóricos que nos mostram novas perspectivas, onde seja possível superar a lógica racional, hierárquica e dominante por uma outra ordem, mais intuitiva, processual e relacional, onde a flexibilidade seja predominante e essencial. Inicia-se esta primeira parte com o capítulo 1 Novas Categorias interpretativas, trazendo reflexões sobre o paradigma emergente, que nos leva para novos modos de ver, sentir, perceber e agir, onde novos valores e comportamentos fomentem novas atitudes e novos sonhos.
Um aspecto relevante aqui lançado é o de revalorizar a consciência como essencial ao processo de construção de uma nova harmonia ambiental, focalizando novas relações com o planeta terra e com valores que refletem tolerância, igualdade, biodiversidade, e promoção cultural a partir da dimensão ética do ser humano. Compreende ainda neste primeiro capítulo interessante discussão sobre ecologia sustentável e sociedade sustentável, apontando para referenciais que podem colaborar para a mudança da realidade, constituindo uma sociedade nova com a superação de moldes rígidos que constituem nossa formação. Interessantes sugestões para a reflexão pessoal e debate em grupo fazem parte do final deste capítulo.
No capítulo 2 amplia-se a discussão, clareando os suportes conceituais sobre planetariedade, partindo do conceito de aldeia global proposto por Marshall McLuhan, na década de 60 do século passado ao conceito de dimensão planetária, presente nos documentos e discussões contemporâneas oriundas da ECO- 92. A formação pessoal é destacada quando os autores validam as dez características essenciais do perfil das pessoas da sociedade planetária propostas por Francisco Vio Grossi, indo além da dimensão pessoal e propondo a construção dos sujeitos coletivos, partindo da cotidianidade, da planetariedade e da capacidade de sentir e expressar a vida e a realidade tal como deve ser vivida e sentida.
No terceiro capítulo, Francisco Gutierrez e Cruz Prado conseguem chamar nossa atenção para as novas práticas necessárias à participação ativa de todos, que desde a ECO- 92 até os movimentos sociais mais recentes, estão diferenciando o teor das declarações do que denominam processos de demanda, que em seu caráter educativo deve priorizar as dimensões sociais, políticas, técnicas, científicas, pedagógica e espaço-temporal, necessitam estar presentes nos diferentes programas de formação humanísticas voltados à ecologia e à discussão sobre a continuidade da vida no nosso planeta. Um outro aspecto também evidenciado neste capítulo é a essencialidade do processo que, para ser de fato educativo, deve trabalhar e inter-relacionar os seguintes elementos constitutivos: atores sociais como agentes, necessidade de sentido, relações sinérgicas, recursos e cotidianidade (tempo e lugar) e produto.
Na segunda parte deste livro, intitulada Ecopedagogia, temos os capítulos 4 e 5. O capitulo 4 trata da proposta de formação em cidadania ambiental e sustentabilidade, a partir do processo pedagógico em si. Partindo das experiências em educação popular, os autores trabalham com o significado do ato de promover, compreendendo que a ecopedagogia está voltada, principalmente, à promoção da aprendizagem a partir da vida cotidiana.
Neste sentido, com maestria os autores desenvolvem chaves pedagógicas à aprendizagem a partir do cotidiano, elaborando alguns indicadores de todo este processo, que podem auxiliar aos que estão envolvidos nos movimentos de ensinar e de aprender que estejam vinculados à ecopedagogia. De grande valia é atentar para os indicadores citados, que expressam questões práticas das mudanças paradigmáticas discutidas.
Na terceira parte deste livro, os autores se voltam para a prática em si, iniciando o capitulo seis com interessante discussão a respeito dos espaços de aprendizagem, compreendidos em seus sentidos mais amplos: desde o espaço físico até o transcurso do tempo. É proposto aqui interessante análise de sete capacidades básicas para a construção de uma nova cultura, a cultura da sustentabilidade: resgatando a sensibilidade, a intuição e exaltando a consciência do poético, das emoções e da alegria, do amor e da satisfação.
Enfim, este é um livro ímpar, para ser lido, debatido, refletido e discutido em diferentes espaços e tempos sociais onde haja a preocupação com o educar para a vida planetária. Trata-se de um belo trabalho, onde as palavras remetem ao pensar criativo e crítico da realidade, tal como ela é constituída. Sua leitura faz com que nossos pensamentos se abasteçam de novas possibilidades de ver e viver um outro mundo, mais humano e ecopedagogicamente constituído.
Notas:
1- GUTIÉRREZ, Francisco e PRADO, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. Guia da Escola Cidadã vol. 3. São Paulo: Instituto Paulo Freire/Cortez Editora, 2000.
Resenha:
Ecopedagogia e Cidadania Planetária.
Professor MS. João Beauclair
Este interessante livro trata de uma temática essencial para a educação do século XXI. Desde a sua apresentação, intitulada Cidadania Ambiental, elaborada por Alicia Bárcena, e a apresentação feita pelo eminente educador brasileiro, Moacir Gadotti, com o texto Cidadania planetária, a temática Ecopedagogia ganha destaque e exemplificação. Trata-se, entretanto, de um livro oriundo de um programa coordenado pelos autores Francisco Gutiérrez e Cruz Prado, organizado pelo PNUMA – Programa de Cidadania Ambiental Global.
Oriundo de uma travessia histórica, o problema ambiental supõe o reconhecimento e a prática da planetariedade, que é percebermos o planeta terra como um ser inteligente e vivo. Isso se refere a uma mudança paradigmática onde a dimensão educativa ganha ênfase cada vez maior. No decorrer dos capítulos que compõem as diferentes partes do livro, ganha cada vez mais destaque a idéia de que somos todos parte de uma mesma Nave Mãe Terra, como sempre nos lembra Leonardo Boff.
Na primeira parte deste livro, temos os referenciais teóricos que nos mostram novas perspectivas, onde seja possível superar a lógica racional, hierárquica e dominante por uma outra ordem, mais intuitiva, processual e relacional, onde a flexibilidade seja predominante e essencial. Inicia-se esta primeira parte com o capítulo 1 Novas Categorias interpretativas, trazendo reflexões sobre o paradigma emergente, que nos leva para novos modos de ver, sentir, perceber e agir, onde novos valores e comportamentos fomentem novas atitudes e novos sonhos.
Um aspecto relevante aqui lançado é o de revalorizar a consciência como essencial ao processo de construção de uma nova harmonia ambiental, focalizando novas relações com o planeta terra e com valores que refletem tolerância, igualdade, biodiversidade, e promoção cultural a partir da dimensão ética do ser humano. Compreende ainda neste primeiro capítulo interessante discussão sobre ecologia sustentável e sociedade sustentável, apontando para referenciais que podem colaborar para a mudança da realidade, constituindo uma sociedade nova com a superação de moldes rígidos que constituem nossa formação. Interessantes sugestões para a reflexão pessoal e debate em grupo fazem parte do final deste capítulo.
No capítulo 2 amplia-se a discussão, clareando os suportes conceituais sobre planetariedade, partindo do conceito de aldeia global proposto por Marshall McLuhan, na década de 60 do século passado ao conceito de dimensão planetária, presente nos documentos e discussões contemporâneas oriundas da ECO- 92. A formação pessoal é destacada quando os autores validam as dez características essenciais do perfil das pessoas da sociedade planetária propostas por Francisco Vio Grossi, indo além da dimensão pessoal e propondo a construção dos sujeitos coletivos, partindo da cotidianidade, da planetariedade e da capacidade de sentir e expressar a vida e a realidade tal como deve ser vivida e sentida.
No terceiro capítulo, Francisco Gutierrez e Cruz Prado conseguem chamar nossa atenção para as novas práticas necessárias à participação ativa de todos, que desde a ECO- 92 até os movimentos sociais mais recentes, estão diferenciando o teor das declarações do que denominam processos de demanda, que em seu caráter educativo deve priorizar as dimensões sociais, políticas, técnicas, científicas, pedagógica e espaço-temporal, necessitam estar presentes nos diferentes programas de formação humanísticas voltados à ecologia e à discussão sobre a continuidade da vida no nosso planeta. Um outro aspecto também evidenciado neste capítulo é a essencialidade do processo que, para ser de fato educativo, deve trabalhar e inter-relacionar os seguintes elementos constitutivos: atores sociais como agentes, necessidade de sentido, relações sinérgicas, recursos e cotidianidade (tempo e lugar) e produto.
Na segunda parte deste livro, intitulada Ecopedagogia, temos os capítulos 4 e 5. O capitulo 4 trata da proposta de formação em cidadania ambiental e sustentabilidade, a partir do processo pedagógico em si. Partindo das experiências em educação popular, os autores trabalham com o significado do ato de promover, compreendendo que a ecopedagogia está voltada, principalmente, à promoção da aprendizagem a partir da vida cotidiana.
Neste sentido, com maestria os autores desenvolvem chaves pedagógicas à aprendizagem a partir do cotidiano, elaborando alguns indicadores de todo este processo, que podem auxiliar aos que estão envolvidos nos movimentos de ensinar e de aprender que estejam vinculados à ecopedagogia. De grande valia é atentar para os indicadores citados, que expressam questões práticas das mudanças paradigmáticas discutidas.
Na terceira parte deste livro, os autores se voltam para a prática em si, iniciando o capitulo seis com interessante discussão a respeito dos espaços de aprendizagem, compreendidos em seus sentidos mais amplos: desde o espaço físico até o transcurso do tempo. É proposto aqui interessante análise de sete capacidades básicas para a construção de uma nova cultura, a cultura da sustentabilidade: resgatando a sensibilidade, a intuição e exaltando a consciência do poético, das emoções e da alegria, do amor e da satisfação.
Enfim, este é um livro ímpar, para ser lido, debatido, refletido e discutido em diferentes espaços e tempos sociais onde haja a preocupação com o educar para a vida planetária. Trata-se de um belo trabalho, onde as palavras remetem ao pensar criativo e crítico da realidade, tal como ela é constituída. Sua leitura faz com que nossos pensamentos se abasteçam de novas possibilidades de ver e viver um outro mundo, mais humano e ecopedagogicamente constituído.
Notas:
1- GUTIÉRREZ, Francisco e PRADO, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. Guia da Escola Cidadã vol. 3. São Paulo: Instituto Paulo Freire/Cortez Editora, 2000.