Observo uma atitude bacana entre os escritores paulistas da nova geração, os que buscam um lugar no mercado editorial. Eles criam vínculos entre si, trocam ideias, realizam encontros, promovem-se uns aos outros. Formam um tipo de confraria literária motivada por objetivos semelhantes. É o lado bom. A face ruim da mesma questão é que nem todos são talentosos, alguns escrevem mal, são caricatos, outros ambicionam mais os holofotes do que a literatura, uma mistura que molda a bajulação com aspecto provinciano e uma repetição camuflada de temas entre alguns deles. Tenho sido um crítico chapa branca, porque ainda sinto um imenso desconforto em desbancar quem tenta encontrar espaço. Gosto da solidariedade artística que vejo nos jovens autores paulistas, isso não existe aqui no Rio, mas desconfio de todo clube que se torna privé. Lembro que uma vez critiquei dois livros que não gostei de certo autor carioca, um menino que ficou famoso do dia para a noite se anunciando como herdeiro do Stephen King, foi o que bastou para que um embrionário escritor paulista aparecesse indignado e bradando que eu não havia lido os tais livros. Senti que ele me atacou movido por uma subserviência à fama, imaginando que adular abre portas, um vício medíocre que não pode perseguir quem escreve. Quem se vende, não se compra e termina por não alcançar a identidade que semeia o sucesso.