Madame Bovary, de Gustave Flaubert
A crítica dá conta de que o autor Gustave Flaubert levou cinco anos para escrever o romance publicado em 1857 cuidando de palavra por palavra e inovando a forma de escrever da sua época. Inicialmente escrito em folhetins e depois em formato de livro, a obra foi classificada na época como subversiva e rendeu vários processos contra Flaubert, mas em todos o autor saiu vencedor. A história intitulada Madame Bovary é o divisor de águas entre o romantismo e o realismo, dizem os críticos. Suas minuciosas descrições das paisagens e do cotidiano da segunda metade do século XIX e a ironia presentes na obra visam mostrar que os romances sentimentais e os folhetins com textos amorosos da época estavam obsoletos. O autor quis agredir as banalidades da burguesia e desmoralizá-la através da história que conta a vida de Emma Bovary, uma mulher que deveria ser submissa, mas que se dedica à leitura dos romances para escapar do tédio do matrimônio padrão. Essa influência e sua inquietação levam-na ao adultério. A personagem Emma Bovary, é uma anti- heroína, mulher irrequieta, ávida pelo amor perfeito, por festas da nobreza, inteligente, bela. No entanto, para compensar a boa assistência dada a seu pai pelo médico viúvo e acomodado de uma pequena cidade do interior da França, casa-se com ele. Embora passivo, o marido representava as limitações às sonhadas diversões urbanas que ela tanto almejava. A monotonia do casamento e o desejo de luxo e de riqueza vão empurrando-a para as aventuras extraconjugais. Encontra em Rodolphe, um contumaz e aventureiro galanteador, a primeira oportunidade para viver um “amor” extraconjugal, que não dura mais do que seis arriscados meses de encontros furtivos e desencontros. Em seguida ela vai buscar em Léon, um jovem universitário, a satisfação afetiva que também não acontece, e de quem se separa por não ter coragem de assumir publicamente o romance. Durante esses dois romances, Emma se endivida para presentear seus amantes, revela-se uma péssima mãe, uma dona de casa desleixada. Desorientada, por causa das desilusões amorosas, sendo cobrada pelos credores o pagamento das dívidas que fizera e vendo-se, enfim, em um beco sem saída, Emma Bovary resolve se matar. Logo depois o médico, seu marido, segue-lhe nesse gesto extremo. Os diálogos dos personagens de Flaubert nesse romance deixam claro o seu propósito de retratar fielmente uma sociedade burguesa distorcida da realidade, com hábitos e moral falsificados. A obra foi considerada uma das melhores do século XIX e transformou-se em filmes, produzidos em três versões (1933, 1949 e 1991).