“Trigal com Corvos”, de W. J. Solha.
Livro de nome intrigante, que ainda sob o título de “E/u S/o/u E/s/t/a/s P/a/l/a/v/r/a/s”, ficou entre os onze finalistas na 5ª Bienal Nestlé da Literatura Brasileira em 1991. Achou pouco? A inscrição deste livro fora o de número 21.219...Nada mal, heim?! Bem, continuando, de lá pra cá o livro sofreu inúmeras revisões, tendo sido submetido a poetas e críticos. No entanto, Solha não sossegou. Mesmo tendo recebido grandes elogios, como o de que iria receber o selo da Palimage editores, de Viseu, Portugal, e distribuído lá, ainda retalhou sua obra.
O “Trigal” é a única publicação poética de Solha, em meio a uma série de romances, peças de teatro, exposições de pintura e participações no cinema. Recebeu o prêmio Fernando Chinaglia 1974, com a publicação de Israel Rêmora” e em 88 recebeu o Prêmio Instituto Nacional do Livro, além de ter escrito as obras: “A Canga”, “A verdadeira Estória de Jesus”, “Shake up” e “Zé Américo foi Princeso no Trono da Monarquia”.
Trabalhando com o cordel o autor reapareceu na “Cantata Pra Alagamar”, escrita para música do maestro José Alberto Kaplan, gravada pela Marcus Pereira em 79. Para o maestro Eli-Eri-Moura, Solha escreveu “Os Indispensáveis” e “Réquiem Contestado”, este registrado em uma gravação independente de 93.
Este sorocabano nato, que hoje reside em João Pessoa, na Paraíba, dividi sua obra poética em três partes: “Trigal com corvos”, “Mais Corvos” e “Sobre Trigal”. Sua poesia é moderna, dinâmica, rica em conteúdo, fala de tudo: sobre as aflições do poeta, da luta entre o desejo desenfreado em criar, para quebrar o vazio da alma. E cria, escreve, espreme a alma, mas admite sua limitação humana. Ora com compreensão, ora com revolta. Quer ser mais, quer ir além. Critica os que ficaram pelo meio do caminho e esclarece que suas marcas no rosto, suas rugas, são frutos dos rastros que trilhou.
Traz todo mundo para sua obra: poetas, pintores, escritores, escultores, heróis, personagens, lugares, fatos da história, pensadores, cientistas, ilustra suas idéias, compara, quer que o leitor visualize com exatidão seu sentimento. Chama Eistein, Drumond, Van Gogh, Niestzche, Clark Kent, escada magirus, os Astecas, Olinda, Tróia, o ford 29, o livro do Gêneses, Kafka e Hopper, Miguelangelo, Tchaikowsky, Shakespeare, Klimt Eastwood, a Bela Adormecida, Descartes, a Cabala...e mais, muito mais...
“Trigal com Corvos” é uma ebulição de sentimentos, de idéias muito bem desenvolvidas e retratadas com figuras e imagens escolhidas a dedo, lembrando a poesia de Augusto dos Anjos, poeta paraibano pré moderno, “o poeta do escarro e do escárnio”, que tinha fixação pela morte...
Conheci o Solha ao ler o livro “O Caçador de Laranjas” de Elizete Giardini, no qual ele escreveu o prefácio. Me encantei! O procurei nos escritos de Paulo Betti e usando o buscador google soube mais e mais. Deu no que deu! Agora, seu livro estará em exposição na 3a. semana do escritor de Sorocaba e eu, quando crescer, quero ser chamado de O Caçador de Livros (Douglas Lara).
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