Dizem os mestres cabalístas que o universo é uma forma mental projetada pela mente de Deus, como se fosse um plano de arquitetura pré-concebido e estruturado com extrema precisão. Esse plano é demonstrado admiravelmente na extraordinária simbologia da Árvore da Vida. Nesse desenho mágico, onde a intuição dos iniciados superou seus próprios conhecimentos das manifestações divinas no mundo das realidades observáveis, encontramos um projeto extremamente sugestivo do cosmo, com suas visões passadas, presentes e futuras, com todas as suas especificações e finalidades.
Nessa visão estrutural do plano cósmico, fica mais simples encontrar um lugar para todas as intuições humanas, que a nossa mente, por falta de uma linguagem apropriada, não consegue explicar. As pressuposições da metafísica, que tanta perplexidade causa aos estudiosos quando são comprovadas em testes de laboratório, assumem contornos mais visíveis, mais inteligíveis e mais belas até, porque nesse caso elas vêm vestidas de uma simbologia que nos enche os olhos e uma poesia que nos alegra a alma.
Não é pois, sem razão, que a Maçonaria ─ aos nossos olhos uma experiência social e espiritual com um pé firmemente apoiado na doutrina cabalística ─ chama Deus de Grande Arquiteto do Universo e o templo, onde se reúnem os Irmãos, foi concebido como um simulacro do universo descrito na Árvore da Vida. Nessa visão cósmica do processo de construção do edifício universal, a Divindade é vista como um arquiteto que projeta o edifício e depois os seus mestres construtores, os arcanjos, e os seus pedreiros, os homens, o constroem. Nesse mesmo sentido, a Loja é vista como um laboratório de alquimista, onde o psiquismo dos Irmãos ali reunidos é carregado de energia criadora, catalizadora das melhores virtudes e dissolvente dos maiores vícios.[1]
Essa visão se justifica plenamente, pois na construção de um edifício, quanto mais sofisticado ele for, mais encontraremos noções de ciência aplicada. Nele se aplicam conhecimentos de física, química, geologia, sociologia, matemática, astronomia e muitas outras disciplinas, necessárias á perfeita construção e adequação do edifício às necessidades que ele visa atender. É o que dizia Fulcanelli, por exemplo, quando se referia á catedral gótica, que no seu entender era um verdadeiro santuário de tradição e aplicação das ciências físicas e sociais.[2]
Por outro lado, são muitas as tradições que sustentam ser o organismo humano, integrado á sua parte espiritual, um desenho do próprio universo, do qual reflete sua formulação mecânica e suas leis de formação e desenvolvimento. Essa analogia entre o homem e o universo se revela no postulado, tão caro aos hermetistas, mas já bem aceito por cientistas de renome, de que no microcosmo (o homem) se repetem as mesmas leis que formatam o macrocosmo (o universo).[3]
Se tudo isso é verdade provada ou mera especulação, só Deus poderia dizer. Nós só podemos deduzir e acreditar ou não. Mas há algumas coisas que não podem ser ignoradas. Uma delas é o que diz a teoria da evolução. Segundo essa teoria, todas as espécies vivas são "fabricadas" pela natureza com um "programa" específico que as submete a um processo evolutivo inexorável. Esse “programa” é necessário tendo em vista as constantes mudanças ambientais a que o universo está sujeito. A espécie que não consegue adaptar-se à essas mudanças acaba sendo substituída por outras mais competentes.
Essa é uma lei existente na vida dos seres vivos, chamada pelos estudiosos de lei dos revezamentos. [4] Ela existe para promover uma necessária evolução nas espécies por ela produzidas, por meio do aperfeiçoamento das suas capacidades. Não se aplica somente ás espécies vivas, mas á toda a realidade universal, inclusive aos elementos químicos e a matéria bruta em geral. Pois todos os elementos químicos e físicos também são obtidos por interação de seus componentes, da mesma forma que os organismos moleculares. Quer dizer, repete-se na matéria bruta os mesmos processos que formatam a matéria orgânica e tanto uma quanto a outra estão sujeitas ás mesmas leis de nascimento, formação e desaparecimento, que se dá pelo fenômeno da transformação seletiva.
Por isso, a teoria da evolução é mais inteligível na doutrina da Kabbalah do que nas outras tradições religiosas. Aqui ela é representada por um desenho mágico ─ filosófico, chamada Árvore Sefirótica, ou Árvore da Vida, esquema místico que representa as manifestações da divindade no mundo das realidades sensíveis. Nesse desenho, cada séfira é uma fase de construção do universo e reflete um processo de evolução perene, constante e ordenado, que serve tanto para explicar o processo de construção das realidades do mundo material, como das realidades do mundo espiritual.
Ela mostra o mundo sendo construído como se ele fosse um lago que transborda e vaza para outro lago, até formar o grande mar universal, onde todas as formas de existência, físicas e espirituais, podem ser encontradas. Essa visão não deve ser considerada uma alucinação mística nem apenas uma especulação metafísica. Sabemos que quando dois elementos químicos se juntam eles formam um composto. Conservam suas instâncias particulares, mas também formam um terceiro elemento com diferentes propriedades. O composto, que é o filho nascido dessa união, possui as propriedades dos elementos que o formaram e agrega aquelas que são desenvolvidas por ele próprio. Nisso constitui o segredo da teoria da evolução. Dois átomos de hidrogênio combinados com um de oxigênio formam uma molécula de água. A água é um composto, "filho de H²0," que tem H (hidrogênio) e O (oxigênio) na sua composição, mas também tem outras propriedades que seus "pais", individualmente, não possem. Ela tem a propriedade de incumbar a vida. A água é necessária à vida. É o leito onde nasce a vida. É nesse sentido que Teilhard de Chardin vê o homem como sendo um “complexo-consciência”, ou seja, um composto feito por elementos orgânicos, obtidos por sínteses naturais (seleção natural) e elementos psíquicos, produzidos por sínteses mentais cada vez mais elaboradas, resultando em um espirito.[5]
Assim também acontece com o restante do universo. Cada fase da evolução é uma combinação de elementos. Cada nova fase desenvolve suas próprias particularidades, que são as propriedades com as quais ela contribui para o desenvolvimento do universo como um todo. Por isso cada fase constitui um passo a mais no processo de evolução, porque o composto que nasce da união dos elementos é sempre um resultado mais complexo dos que os elementos que o formam. Nada se perde do que já foi conquistado, apenas se transforma em algo novo.
E o novo é sempre maior que a soma das suas partes. Novas propriedades são adicionadas ao universo a partir de cada interação praticada por seus elementos.
Um plano de evolução do mundo físico e da vida em seus aspectos material e espiritual é o que nos proporciona a doutrina da Kabbalah. Ela oferece uma explicação de como o universo se forma, como se desenvolve e a que finalidade se presta. Da mesma forma, a vida que se cria e evolui dentro dele. A missão do homem, nesse esquema, se torna clara e insofismável, sendo ele uma presença indispensável nesse processo.
Assim, não podemos compartilhar dos receios daqueles que temem pelo futuro da humanidade. A humanidade jamais perecerá: ela apenas se transformará. Os cientistas, adeptos da teoria da evolução, dizem que a humanidade evoluiu de uma matriz animal até a configuração que temos agora. Os religiosos, adeptos do criacionismo, dizem que nós nascemos perfeitos, mas nos tornamos imperfeitos por força de uma série de quedas e ascensões em nosso processo evolutivo. São duas teorias diametralmente opostas. Uns dizendo que já fomos piores do que somos hoje e outros sustentando que já fomos melhores. Mas no fundo elas se completam, pois ambas sustentam que a vida está submetida á um processo de evolução que é inexorável. Se nascemos rastejantes como répteis e através de um processo de evolução nos alçamos até a altura dos céus, ou se nascemos nos céus e por um motivo qualquer descemos á terra e agora estamos nos esforçando para voltar ao céu, são apenas formas diferentes de ler o mesmo processo. Uma vai do pé para a cabeça, outra da cabeça para o pé. Acreditar em uma ou outra depende da sensibilidade de cada um.
Para nós não importa saber quem tem razão. Na verdade, o que nos parece tão assustador com os rumos que a humanidade vem tomando é resultado apenas da nossa ignorância. Não temos como saber o que poderá acontecer a cada nova experiência interativa que os elementos do universo promovem. Isso porque Deus colocou nesse processo uma lei chamada “principio da incerteza” (deduzido pelo físico alemão Werner Heisenberg). Segundo esse princípio, é impossível prever o que acontecerá no futuro porque não temos como saber qual a posição e a velocidade que as partículas de energia que formam a massa física do universo assumirão no momento seguinte da sua aceleração. Como tudo no universo é formado por interação de partículas (quantas de energia), não há como saber como ele se apresentará em cada momento no seu futuro. Só podemos estudar as tendências que ele tem de acontecer de certo modo, mas nunca uma certeza de que será exatamente assim. Isso porque a tendência de uma partícula se comportar desta ou daquela maneira só podem ser deduzidas a partir dos seus comportamentos no momento em que são observadas, ou seja, no presente. Mas a própria observação do movimento da partícula já concorre para modificar esse movimento. Assim, é impossível saber como o universo se comportará no futuro por que ele sempre poderá será diferente em função de cada nova relação.[6]
Isso é válido para o mundo da física quântica e também para a nossa vida em geral. Essa é uma boa sabedoria que a moderna física nos dá. E a Kabbalah também. A ciência nos diz que por mais que o nosso medo, ou os nossos melhores desejos, queiram prever o que virá no futuro, essa projeção será sempre uma mera conjectura, seja ela obtida por meios científicos ou por visões intuitivas.
A sabedoria da Kabbalah nos diz que o universo sempre existirá porque ele sempre existiu, mesmo antes de se manifestar na forma como hoje o conhecemos. Ele era antes de ser, diz o mestre cabalista. Ele é o “Espírito de Deus”, conforme diz a Bíblia. Ele era um “campo de energia que existia de outro modo”, dizem os cientistas. Por isso é que os textos cabalísticos dizem que antes de Ele se manifestar como realidade positiva ele era uma “Existência Negativa”, o Grande Imanifesto, que já continha em si todos os germes das vidas futuras. [7] Ele era energia latente, condensada, densa, presa dentro de um espaço-tempo igual ao zero absoluto, sujeito á mais extrema pressão. E foi pela força dessa pressão que Ele “vazou” para além de si mesmo, se tornando Existência Positiva, ou Grande Manifestado.[8]
Se o universo futuro será bom ou ruim para nós, isso não importa. Primeiro porque isso não nos será dado saber á nível de consciência humana. Segundo, porque bem e mal são conceitos puramente humanos. Quando não formos mais o que somos hoje, talvez não precisemos mais desses conceitos para justificar os nossos sentimentos a respeito. Dessa forma, o que podemos dizer com certeza é que o mundo só não teria futuro se Deus não existisse. Mas Ele simplesmente existe.
Nessa visão estrutural do plano cósmico, fica mais simples encontrar um lugar para todas as intuições humanas, que a nossa mente, por falta de uma linguagem apropriada, não consegue explicar. As pressuposições da metafísica, que tanta perplexidade causa aos estudiosos quando são comprovadas em testes de laboratório, assumem contornos mais visíveis, mais inteligíveis e mais belas até, porque nesse caso elas vêm vestidas de uma simbologia que nos enche os olhos e uma poesia que nos alegra a alma.
Não é pois, sem razão, que a Maçonaria ─ aos nossos olhos uma experiência social e espiritual com um pé firmemente apoiado na doutrina cabalística ─ chama Deus de Grande Arquiteto do Universo e o templo, onde se reúnem os Irmãos, foi concebido como um simulacro do universo descrito na Árvore da Vida. Nessa visão cósmica do processo de construção do edifício universal, a Divindade é vista como um arquiteto que projeta o edifício e depois os seus mestres construtores, os arcanjos, e os seus pedreiros, os homens, o constroem. Nesse mesmo sentido, a Loja é vista como um laboratório de alquimista, onde o psiquismo dos Irmãos ali reunidos é carregado de energia criadora, catalizadora das melhores virtudes e dissolvente dos maiores vícios.[1]
Essa visão se justifica plenamente, pois na construção de um edifício, quanto mais sofisticado ele for, mais encontraremos noções de ciência aplicada. Nele se aplicam conhecimentos de física, química, geologia, sociologia, matemática, astronomia e muitas outras disciplinas, necessárias á perfeita construção e adequação do edifício às necessidades que ele visa atender. É o que dizia Fulcanelli, por exemplo, quando se referia á catedral gótica, que no seu entender era um verdadeiro santuário de tradição e aplicação das ciências físicas e sociais.[2]
Por outro lado, são muitas as tradições que sustentam ser o organismo humano, integrado á sua parte espiritual, um desenho do próprio universo, do qual reflete sua formulação mecânica e suas leis de formação e desenvolvimento. Essa analogia entre o homem e o universo se revela no postulado, tão caro aos hermetistas, mas já bem aceito por cientistas de renome, de que no microcosmo (o homem) se repetem as mesmas leis que formatam o macrocosmo (o universo).[3]
Se tudo isso é verdade provada ou mera especulação, só Deus poderia dizer. Nós só podemos deduzir e acreditar ou não. Mas há algumas coisas que não podem ser ignoradas. Uma delas é o que diz a teoria da evolução. Segundo essa teoria, todas as espécies vivas são "fabricadas" pela natureza com um "programa" específico que as submete a um processo evolutivo inexorável. Esse “programa” é necessário tendo em vista as constantes mudanças ambientais a que o universo está sujeito. A espécie que não consegue adaptar-se à essas mudanças acaba sendo substituída por outras mais competentes.
Essa é uma lei existente na vida dos seres vivos, chamada pelos estudiosos de lei dos revezamentos. [4] Ela existe para promover uma necessária evolução nas espécies por ela produzidas, por meio do aperfeiçoamento das suas capacidades. Não se aplica somente ás espécies vivas, mas á toda a realidade universal, inclusive aos elementos químicos e a matéria bruta em geral. Pois todos os elementos químicos e físicos também são obtidos por interação de seus componentes, da mesma forma que os organismos moleculares. Quer dizer, repete-se na matéria bruta os mesmos processos que formatam a matéria orgânica e tanto uma quanto a outra estão sujeitas ás mesmas leis de nascimento, formação e desaparecimento, que se dá pelo fenômeno da transformação seletiva.
Por isso, a teoria da evolução é mais inteligível na doutrina da Kabbalah do que nas outras tradições religiosas. Aqui ela é representada por um desenho mágico ─ filosófico, chamada Árvore Sefirótica, ou Árvore da Vida, esquema místico que representa as manifestações da divindade no mundo das realidades sensíveis. Nesse desenho, cada séfira é uma fase de construção do universo e reflete um processo de evolução perene, constante e ordenado, que serve tanto para explicar o processo de construção das realidades do mundo material, como das realidades do mundo espiritual.
Ela mostra o mundo sendo construído como se ele fosse um lago que transborda e vaza para outro lago, até formar o grande mar universal, onde todas as formas de existência, físicas e espirituais, podem ser encontradas. Essa visão não deve ser considerada uma alucinação mística nem apenas uma especulação metafísica. Sabemos que quando dois elementos químicos se juntam eles formam um composto. Conservam suas instâncias particulares, mas também formam um terceiro elemento com diferentes propriedades. O composto, que é o filho nascido dessa união, possui as propriedades dos elementos que o formaram e agrega aquelas que são desenvolvidas por ele próprio. Nisso constitui o segredo da teoria da evolução. Dois átomos de hidrogênio combinados com um de oxigênio formam uma molécula de água. A água é um composto, "filho de H²0," que tem H (hidrogênio) e O (oxigênio) na sua composição, mas também tem outras propriedades que seus "pais", individualmente, não possem. Ela tem a propriedade de incumbar a vida. A água é necessária à vida. É o leito onde nasce a vida. É nesse sentido que Teilhard de Chardin vê o homem como sendo um “complexo-consciência”, ou seja, um composto feito por elementos orgânicos, obtidos por sínteses naturais (seleção natural) e elementos psíquicos, produzidos por sínteses mentais cada vez mais elaboradas, resultando em um espirito.[5]
Assim também acontece com o restante do universo. Cada fase da evolução é uma combinação de elementos. Cada nova fase desenvolve suas próprias particularidades, que são as propriedades com as quais ela contribui para o desenvolvimento do universo como um todo. Por isso cada fase constitui um passo a mais no processo de evolução, porque o composto que nasce da união dos elementos é sempre um resultado mais complexo dos que os elementos que o formam. Nada se perde do que já foi conquistado, apenas se transforma em algo novo.
E o novo é sempre maior que a soma das suas partes. Novas propriedades são adicionadas ao universo a partir de cada interação praticada por seus elementos.
Um plano de evolução do mundo físico e da vida em seus aspectos material e espiritual é o que nos proporciona a doutrina da Kabbalah. Ela oferece uma explicação de como o universo se forma, como se desenvolve e a que finalidade se presta. Da mesma forma, a vida que se cria e evolui dentro dele. A missão do homem, nesse esquema, se torna clara e insofismável, sendo ele uma presença indispensável nesse processo.
Assim, não podemos compartilhar dos receios daqueles que temem pelo futuro da humanidade. A humanidade jamais perecerá: ela apenas se transformará. Os cientistas, adeptos da teoria da evolução, dizem que a humanidade evoluiu de uma matriz animal até a configuração que temos agora. Os religiosos, adeptos do criacionismo, dizem que nós nascemos perfeitos, mas nos tornamos imperfeitos por força de uma série de quedas e ascensões em nosso processo evolutivo. São duas teorias diametralmente opostas. Uns dizendo que já fomos piores do que somos hoje e outros sustentando que já fomos melhores. Mas no fundo elas se completam, pois ambas sustentam que a vida está submetida á um processo de evolução que é inexorável. Se nascemos rastejantes como répteis e através de um processo de evolução nos alçamos até a altura dos céus, ou se nascemos nos céus e por um motivo qualquer descemos á terra e agora estamos nos esforçando para voltar ao céu, são apenas formas diferentes de ler o mesmo processo. Uma vai do pé para a cabeça, outra da cabeça para o pé. Acreditar em uma ou outra depende da sensibilidade de cada um.
Para nós não importa saber quem tem razão. Na verdade, o que nos parece tão assustador com os rumos que a humanidade vem tomando é resultado apenas da nossa ignorância. Não temos como saber o que poderá acontecer a cada nova experiência interativa que os elementos do universo promovem. Isso porque Deus colocou nesse processo uma lei chamada “principio da incerteza” (deduzido pelo físico alemão Werner Heisenberg). Segundo esse princípio, é impossível prever o que acontecerá no futuro porque não temos como saber qual a posição e a velocidade que as partículas de energia que formam a massa física do universo assumirão no momento seguinte da sua aceleração. Como tudo no universo é formado por interação de partículas (quantas de energia), não há como saber como ele se apresentará em cada momento no seu futuro. Só podemos estudar as tendências que ele tem de acontecer de certo modo, mas nunca uma certeza de que será exatamente assim. Isso porque a tendência de uma partícula se comportar desta ou daquela maneira só podem ser deduzidas a partir dos seus comportamentos no momento em que são observadas, ou seja, no presente. Mas a própria observação do movimento da partícula já concorre para modificar esse movimento. Assim, é impossível saber como o universo se comportará no futuro por que ele sempre poderá será diferente em função de cada nova relação.[6]
Isso é válido para o mundo da física quântica e também para a nossa vida em geral. Essa é uma boa sabedoria que a moderna física nos dá. E a Kabbalah também. A ciência nos diz que por mais que o nosso medo, ou os nossos melhores desejos, queiram prever o que virá no futuro, essa projeção será sempre uma mera conjectura, seja ela obtida por meios científicos ou por visões intuitivas.
A sabedoria da Kabbalah nos diz que o universo sempre existirá porque ele sempre existiu, mesmo antes de se manifestar na forma como hoje o conhecemos. Ele era antes de ser, diz o mestre cabalista. Ele é o “Espírito de Deus”, conforme diz a Bíblia. Ele era um “campo de energia que existia de outro modo”, dizem os cientistas. Por isso é que os textos cabalísticos dizem que antes de Ele se manifestar como realidade positiva ele era uma “Existência Negativa”, o Grande Imanifesto, que já continha em si todos os germes das vidas futuras. [7] Ele era energia latente, condensada, densa, presa dentro de um espaço-tempo igual ao zero absoluto, sujeito á mais extrema pressão. E foi pela força dessa pressão que Ele “vazou” para além de si mesmo, se tornando Existência Positiva, ou Grande Manifestado.[8]
Se o universo futuro será bom ou ruim para nós, isso não importa. Primeiro porque isso não nos será dado saber á nível de consciência humana. Segundo, porque bem e mal são conceitos puramente humanos. Quando não formos mais o que somos hoje, talvez não precisemos mais desses conceitos para justificar os nossos sentimentos a respeito. Dessa forma, o que podemos dizer com certeza é que o mundo só não teria futuro se Deus não existisse. Mas Ele simplesmente existe.
[1] É a chamada “egrégora” palavra que designa a energia cósmica captada pela mente das pessoas reunidas em estreita união e conversas para um mesmo objetivo. Ver, para uma definição maçônica de egrégora, a nossa obra “O Tesouro Arcano”, publicada pela Editora Madras, São Paulo, 2013.
[2] Fulcanelli. O Mistério das Catedrais. Lisboa, Ed. Esfinge, 1964
[3]Em linguagem hermética, “o que está em cima é igual ao que está em baixo.”
[4] Lei dos revezamentos, em antropologia, é a lei segundo a qual os organismos que não desenvolvem uma estrutura capaz de sobreviver em ambientes desfavoráveis e diferentes daqueles nos quais vivem, fatalmente serão substituídos por outros mais competentes. Com isso a natureza mantém o processo da vida sempre ativo e com claro sentido evolutivo.
[5] Teilhard de Chardin- O Fenômeno Humano, Ed. Cultrix, 1990
[6] O princípio da incerteza é um enunciado da mecânica quântica, feito em 1927 pelo físico Werner Heisenberg, que diz ser impossível medir com precisão a velocidade de deslocamento de partículas atômicas, porque a própria interação entre o movimento delas e o ato de medir sua velocidade interfere nessa medida.
[7] Como diz um formidável poema hindu: “No intervalo da criação Vixenu-Xiva estava latente de energia, prenhe de suas vidas futuras”.
[8] Existência Negativa” é um conceito cabalístico que designa a existência de Deus antes de Ele se manifestar como “Existência Positiva", ou seja, antes de Ele começar a “construir” o universo físico. É um conceito de difícil entendimento, mas numa simplificação podemos dizer que significa entender Deus como uma espécie de energia latente, que existia antes de o universo material ser feito. Na física atômica esse conceito é análogo á definição que Léon Brillouin e Robert Mullikan deram ao eléctron como sendo " uma torção do nada negativamente carregado”.
DO LIVRO "KABBALAH PARA MAÇONS", NO PRELO
DO LIVRO "KABBALAH PARA MAÇONS", NO PRELO