VEJA SE NÃO DÁ PRAZER! - AS CRÔNICAS MARAVILHOSAS DE LIA LUFT
A escritora Lia Luft lançou recentemente o livro de crônicas “Em Outras Palavras (Ed. Record, 2006, 223 páginas) fruto do trabalho semanal para a revista Veja. São 54 crônicas escritas para a revista desde 2004, cuja coluna chama-se Ponto de Vista. A escritora parte da premissa do questionamento. A cultura, o cotidiano, as relações humanas, a questão social, a política atual são abordados de maneira clara e simples levando o leitor a refletir sobre todos esses aspectos. As crônicas de “Em Outras Palavras” nos revelam ângulos que normalmente não seriam percebidos a olho nu, mas sob o olhar atento de Lia, o leitor se sente absolutamente seguro quanto ao entendimento dos assuntos abordados Das 54 crônicas selecionadas pela própria autora algumas sofreram alterações. Sobre essas alterações, Lia faz uma observação: “faz parte dos meus vícios, burilar meus textos enquanto for possível – pelo prazer e pelo respeito a mim mesma e ao meu leitor – não importa se é romance ou ensaio, poema ou crônica”. Devido a limitações de espaço na revista, Lia aproveitou para melhor se fazer entender. O otimismo é uma marca forte nos escritos da escritora, otimismo que tenta passar aos seus leitores, que não são poucos. Então, para quem não teve a oportunidade de ler as crônicas de Lia Luft, por qualquer motivo, na revista Veja, “Em Outras Palavras” é uma excelente chance para que as pessoas conheçam o excelente trabalho desta gaúcha de Santa Cruz do Sul, que além de cronista se dá muito bem escrevendo outros gêneros, como: poesias, contos, romances, peças teatrais e ensaios.
TRECHO DA CRÔNICA “PODE SER MELHOR”.
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“A fome, as fomes: de dignidade, a essencial. De casa, saúde e educação, as básicas. Mas - não menos importantes - a fome de conhecimento, de possibilidades de escolha. Fome de confiança, ah, essa não dá para esquecer. Poder confiar no guarda, nas autoridades, nos pais e no país, e também nos filhos. Em nós mesmos, se nos acharmos merecedores. Confiar em quem votei, e em quem não recebeu meu voto: ser digno não é vantagem, é obrigação básica. Andamos tão desencantados, que ser decente parece virtude, ser honesto ganha medalha, e ser mais ou menos coerente merece aplausos”.
“Fome de conhecimento: não é alfabetizado quem apenas assina o nome, mas quem assina o que leu e compreendeu. De outro modo, perigo à vista. Não cursa uma verdadeira escola quem dela sai para a vida sem saber pensar, argumentar e discernir. A primeira condição para viver melhor é conhecer mais coisas, inclusive sobre a própria situação e as possibilidades de mudar. Não tomando, invadindo e assaltando, mas crescendo enquanto ser humano e membro produtivo da comunidade: família, trabalho, cidade, país”.
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