Silvícolas invadem a livraria

Silvícolas invadem livraria e resgatam troncos estocados.

Um encontro de papas jerimum, com temas vegetais e ecológicos. Várias tribos ocuparam a livraria. Eram tribos potiguares, e muitos da região do Seridó; os Caicós e os Acaris. Muitos chegavam com parelhas, ou em parelhas, talvez de parelhas. Chegaram os macaíbas, e os parnamirins; paraibanos e pernambucanos.

Tinha um povo alegre, igual pinto em beira de cerca, não havia motivo para arrumar um bode. Brilhavam mais que espinhela de pão doce, faltando o caldo de cana para completar a farra da pariceiria de caldo de cana com pão doce. A mulé escrevedora das letras estava arretada, tava nos trinques. E teve gente ali que nunca foi vista na feira do grude. Era um lugar para oração de Raimundo, comendo no fundo, e pé no mundo. Até que chegou a hora de pegar o beco.

Tribos mais próximas também se achegaram a bodega de livros: os pitimbus e os emaús; os potengis e os igapós; os pajussaras e os santarens. Gente da Sul e da Norte. Os alecrins já estavam acampados preparando calambica na tentativa de conter as tribos que chegavam. E com taladas de tamboeiras refrescadas no fundo dos riachos, refrescavam os invasores atentos, buscando alimentos do corpo e da alma, adoçando a mente, querendo filhós e arroz de leite.

Fuá chegou com sua rabeca, e sua radiola cheia de pitoco, trouxe um parceiro para aumentar o rebuliço da cantoria; enquanto Catarina, era a lambe-lambe oficial do acontecimento. Azevedo Jr. nos putufu e Barros organizando as cumbucas do di comer, para a curriola, sem comida que ofende. Tinha até catita empiriquitada. Um parangolé geral.

Seridó, sertão e sertanejo, parece ser coisa séria, desde a etimologia da palavra; de seridoense e outras palavras: o sericultor que pratica a sericultura, a sericultura criação do bicho da seda; e tal como o bicho tece a seda, é possível tecer palavras. Com seriedade, seriema e serigado; letras com serifas e textos serifados.

De toras de árvores foram construídas e instituídas as novas mensagens. Antigas mensagens eram transmitidas com batidas em troncos de determinadas arvores, que podiam espalhar sementes. Chegou a tecnologia inventada, e transformou a arvore em folhas laminadas e dilaceradas, fibras trançadas com a celulose contida nos veios das arvores.

E agora as mensagens seguem escritas em papeis finos e laminados, com finíssimos trançados de fibras entrelaçadas. Palavras escritas ecoam em livros fechados, a lembrança de um tronco batucado. Palavras que podem fugir e ecoar em mentes, deixando espalhadas as sementes, ao ser lidos e folheados, páginas por páginas, a lembrança dos ventos balançando e movimentando folhas, agora páginas. A seiva, o sangue das arvores corre de célula em célula, coletando e transmitindo nutrientes e mensagens, que só as células podem trocar e escutar. E o livro segue o segredo do DNA arbóreo, com mensagens contidas nas suas células numeradas.

Uma ruma de palavras começa como o Seridó: sericóstoma, sericóstomo, sericultor, sericultura, seridoense, seriedade, seriema, serifa, serifado, serigado, assim diz um dicionário arretado (http://dicionarioportugues.org/pt/serido).

Silvícolas invadiram a livraria, com toras laminadas e encadernadas. Foram em busca de Seiva de Palavras, que a bióloga professora autografava, e agora se torna mais conhecida que farinha em feira do Carrasco.

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, 2/09/15

por

Roberto Cardoso (Maracajá)

Reiki Master & Karuna Reiki Master

Jornalista Científico

FAPERN/UFRN/CNPq

Plataforma Lattes

http://lattes.cnpq.br/8719259304706553

Produção Cultural

http://robertocardoso.blogspot.com.br/

Textos disponível em:

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 09/09/2015
Código do texto: T5375651
Classificação de conteúdo: seguro