Sobre "Stoner", de John Williams
Antonio Augusto dos Reis Veloso é membro do Clube do Livro da ABACE. Disponibiliza um comentário sobre obra lida, que é mais que um incetivo à leitura, é uma gostosura de se ler.
Segue seu texto:
"Brasilia, 11 de agosto de 2015.
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Òtimo romance: surpreendente. Gostei muito. Abraços,
Antonio A. Veloso.
TEXTO -“Stoner”, de John Williams, Editora Rádio Londres, 1965-2003-2015, posfácio de Peter Cameron, 306 páginas.
Fiquei encantado com o texto. Leitura reveladora, elegante e de estilo: “uma descoberta maravilhosa para todos os amantes da literatura”, segundo o escritor inglês Ian Mc Ewan. O autor, John Edward Williams, americano, nascido em 1922, em Clarksville, povoado no interior do Texas. Serviu na aviação militar americana durante a Segunda Guerra Mundial. Recebeu o doutorado na Universidade de Missouri, em 1954. Foi professor assistente de Literatura Inglesa até sua aposentadoria, em 1985, tendo falecido em 1994. È autor de mais três romances. O texto de Stoner tem posfácio primoroso de Peter Cameron, que já leu o livro por três vezes: “O que há em Stoner para justificar esse grande apelo e esse enorme sucesso? È um livro pequeno, de escopo e ambição modestos, mas enfrenta e explora as questões mais essenciais e desconcertantes em que conseguimos pensar: por que estamos vivos? O que confere significado e valor a uma vida? O que significa amar?” Para mim, o texto é surpreendente, a despeito de, logo no seu início, desvendar-se, revelando de imediato toda a vida de William Stoner, “uma vida que parece bastante triste e monótona”. De forma desconcertante e quase milagrosamente, o autor transforma essa existência singela do professor William Stoner em uma “história apaixonante, profunda e pungente.” A rigor, William Stoner, filho de simples camponeses, vivendo numa faixa de cinqüenta quilômetros de Booneville, pequeno povoado no Missouri, tem uma vida aparentemente sem atrativos: mantém o mesmo emprego durante toda a vida; deixa-se ficar num casamento infeliz com Edith por cerca de quarenta anos; quase não aproveita a convivência com a filha amada Grace, deixando-a sem maior amparo na opção de refugiar-se na bebida; é um quase estranho para os seus pais e apenas teve dois amigos, um dos quais morreu cedo, ainda jovem, na guerra. A sua experiência amorosa foi meteórica e pouco desfrutada com Katherine Driscoll, uma professora mais jovem. Numa linguagem de refinado estilo, e vencendo todos os obstáculos, o autor oferece um texto cativante, “ de clareza cristalina”, “alta sensibillidade”, “pacata elegância”. O romance, lançado nos Estados Unidos em 1965, e depois quase esquecido, foi republicado em 2003, com renovado sucesso, alcançando a lista dos mais vendidos. É como diz Tom Hanks: “È uma história simples sobre um cara que vai para a faculdade e se torna professor. No entanto, é uma das coisas mais fascinantes que um leitor pode encontrar.”