Resenha escrita pelo leitor Antonio Augusto dos Reis Veloso, membro do Clube do livro da ABACE sobre:
“A contadora de filmes”, de Hernán Rivera Letelier, Editora CosacNaify, 2012-2015, 106 páginas.
"Brasilia, 30 de abril de 2015.
Deliciosa, a apresentação do Walter Salles: o texto do livro é uma comovente narrativa (eu não conhecia o autor, chileno, Hernán Rivera Letelier). O abraço. Antonio A. Veloso."
"- A narrativa é deliciosa e comovente, ambientada no final dos anos 50, no deserto chileno do Atacama, ao lado das indústrias de salitre. O autor, filho de mineiros, fala do assunto com raro conhecimento de causa, descrevendo as comunidades em toda a sua realidade, sendo o cinema o grande atrativo local: “os filmes que passavam nas salas das cidades eram a única maneira de mergulhar em outras realidades, distantes da aridez asfixiante do deserto” ... “o deserto mais solitário do mundo”. “A contadora de filmes “, com suavidade e delicadeza, mostra a vida de uma família pobre de mineiros da localidade - são cinco filhos, quatro homens e a mais nova, Maria Margarita. Pela ordem, do maior para o menor: Mariano, Mirto, Manuel, Marcelino e Maria Margarita. Todos os nomes começando pela letra EME, uma fixação do pai, chamado Medardo e cujos pais eram Magno e Martina. Curiosamente, a esposa de Medardo e mãe de Maria Margarita se chamava Maria Magnólia - talvez a única razão de terem se casado, pois não tinham qualquer afinidade, “eram feito água e óleo”, além de o pai ter uma diferença de vinte e cinco anos a mais que ela. Após o acidente de trabalho sofrido pelo pai e que corta pela metade a renda familiar, é decidida a realização de concurso entre os filhos para escolher quem vai assistir os filmes aos domingos e contar a história para o resto da família. É quando Maria Margarita revela o seu grande talento como contadora de filmes. O texto vai aos poucos ganhando conteúdo e dimensão, transformando-se num relato delicado sobre as descobertas da vida adolescente de Maria Margarita, com os contornos das tensões entre classes sociais, os abusos do poder e da riqueza, agregando os efeitos das mudanças com a chegada da televisão, as crises políticas, o golpe militar de Pinochet e outros eventos. O autor, Hernán Rivera Letelier, nascido em Talca, Chile, em 1950, circulou por diversos países (Bolívia, Peru, Equador e Argentina), estabelecendo-se em 1973 na cidade saliteira chilena, Pedro de Valdívia, onde trabalhou como mineiro, estudando para ser professor. Vive atualmente em Antofagasta, no norte do Chile. Estreou na literatura no final dos anos 1980 (seu primeiro romance foi publicado em 1994,com boa acolhida). Em 2010, Letelier ganhou o Prêmio Alfaguara de romances.. “A contadora de filmes” é o seu décimo terceiro livro, publicado em vinte países."
“A contadora de filmes”, de Hernán Rivera Letelier, Editora CosacNaify, 2012-2015, 106 páginas.
"Brasilia, 30 de abril de 2015.
Deliciosa, a apresentação do Walter Salles: o texto do livro é uma comovente narrativa (eu não conhecia o autor, chileno, Hernán Rivera Letelier). O abraço. Antonio A. Veloso."
"- A narrativa é deliciosa e comovente, ambientada no final dos anos 50, no deserto chileno do Atacama, ao lado das indústrias de salitre. O autor, filho de mineiros, fala do assunto com raro conhecimento de causa, descrevendo as comunidades em toda a sua realidade, sendo o cinema o grande atrativo local: “os filmes que passavam nas salas das cidades eram a única maneira de mergulhar em outras realidades, distantes da aridez asfixiante do deserto” ... “o deserto mais solitário do mundo”. “A contadora de filmes “, com suavidade e delicadeza, mostra a vida de uma família pobre de mineiros da localidade - são cinco filhos, quatro homens e a mais nova, Maria Margarita. Pela ordem, do maior para o menor: Mariano, Mirto, Manuel, Marcelino e Maria Margarita. Todos os nomes começando pela letra EME, uma fixação do pai, chamado Medardo e cujos pais eram Magno e Martina. Curiosamente, a esposa de Medardo e mãe de Maria Margarita se chamava Maria Magnólia - talvez a única razão de terem se casado, pois não tinham qualquer afinidade, “eram feito água e óleo”, além de o pai ter uma diferença de vinte e cinco anos a mais que ela. Após o acidente de trabalho sofrido pelo pai e que corta pela metade a renda familiar, é decidida a realização de concurso entre os filhos para escolher quem vai assistir os filmes aos domingos e contar a história para o resto da família. É quando Maria Margarita revela o seu grande talento como contadora de filmes. O texto vai aos poucos ganhando conteúdo e dimensão, transformando-se num relato delicado sobre as descobertas da vida adolescente de Maria Margarita, com os contornos das tensões entre classes sociais, os abusos do poder e da riqueza, agregando os efeitos das mudanças com a chegada da televisão, as crises políticas, o golpe militar de Pinochet e outros eventos. O autor, Hernán Rivera Letelier, nascido em Talca, Chile, em 1950, circulou por diversos países (Bolívia, Peru, Equador e Argentina), estabelecendo-se em 1973 na cidade saliteira chilena, Pedro de Valdívia, onde trabalhou como mineiro, estudando para ser professor. Vive atualmente em Antofagasta, no norte do Chile. Estreou na literatura no final dos anos 1980 (seu primeiro romance foi publicado em 1994,com boa acolhida). Em 2010, Letelier ganhou o Prêmio Alfaguara de romances.. “A contadora de filmes” é o seu décimo terceiro livro, publicado em vinte países."