"Asas ao anoitecer"

"Asas ao Anoitecer"

Bom, então vamos lá, esfrego as mãos para energizar o tico e o teco e cometer esta heresia que consiste em resenhar "Asas ao Anoitecer", da escritora Lúcia Constantino.

Formato: 14x21 cm

Número de Páginas: 118

Pronto. Terminei. Estou no arranjo da felicidade, lugar reservado para os que não tentam ser o que não são. Ah, que delícia. Depois, "Quando há tanta energia em movimento, o lugar melhor e mais seguro para estar é no próprio espaço energético".

Primeira consideração sobre a OBRA:

1. Li de uma sentada. Vapt-vupt. Comecei lá pelas 9:30 da manhã, pausava, cigarrava, viajava, lia, pausava e assim transcorreram menos de duas horas. Estava com a roupa secando.

Míni bate papo fictício com a autora:

1. Lúcia, passou na Cabo TV, não sei te dizer se há 2 meses atrás, 4 meses, antes do Natal, está tudo ensanduichado na minha perception, era tipo um momento de literatura e jazia lá um gajo de livro na mão, num ambiente repleto de livros, e alguém dizia dele ser um sucesso na área xyz do comércio e que então se metera a escrever e agora também era um sucesso. Então o gajo pôs-se a declamar a própria obra e eu honestamente pensei, antes de mudar de canal para nunca mais voltar, se aquilo era uma piada.

Segunda consideração sobre a OBRA:

2. Prefácio de Olga Savary, ehhh, humm, leitor(a), só o prefácio já é uma paulada de tão bem escrito. De que forma, indago, poderia ser diferente? Quatro páginas de prefácio sinalizando o que vem pela frente, uma espécie de aviso bailado com a graça do cisne: prepare-se, não é aventura para crianças.

Mais um tico de bate papo fictício com a autora:

Lúcia, se você tivesse acertado comigo uma quantia para que esta resenha saísse, ah sim, vamos sonhar alto, vamos dizer 1 milhão pela resenha, sabe o que aconteceria? Eu teria que sair do país. Fugido, de noite, tendo ido antes aprender com os especialistas na arte de fugir com uma mala cheia de dinheiro. Eu não teria estômago para ficar aqui, já tendo recebido o din din cash e fingindo que a resenha é essa e que o trabalho está ótimo. Às vezes vejo pela TV que existem sujeitos assim, usam gravatas e tudo, tem cordas de milhões e milhões que vão daqui até o Ceilão, fingem que não é com eles e ainda dão pitaco na vida dos outros. Acreditas? Mas, o que eu viria a descobrir (depois de ter recebido o milhão) é que depois de ler o livro, ou antes a cada poesia lida, eu ganhava um milhão. O que torna essa conversa difícil pela lógica e pela franqueza, pois, lida a obra, eu estaria (como estou) recheado de milhões e milhões, então diria mui singelo, Lúcia, estou devolvendo a quantia, percebi não estar qualificado perante tamanha empreita. E ficaria quieto. Com os outros milhões no bolso.

Terceira consideração sobre a OBRA:

Algumas poesias, não contabilizei, não sei dizer quantas, já havia lido aqui no RL. Quando li no RL aconteceu a coisa mais simples do mundo: grudei na tela pensando: uau, que achado, nunca mais me desligo dessa página! Mas, com o livro aberto nas mãos, a luz matinal desse feriado de clima estranho, fez sol, choveu, houve tristeza e nostalgia, as roupas secaram, o livro aberto, o PREFÁCIO ESTONTEANTE da Olga, que descreve com um saber de derreter geleiras sobre o ato de escrever, então eu cigarrava, ia até a janela, espreitava, lia mais duas, três, quatro poesias, algo jorra do livro direto para o Ser do leitor, não sou besta de adjetivar o que é, talvez seja um salto de fé, talvez seja o portal que move para o potencial desconhecido do presente, estou no presente, virando páginas, lendo, sei que não esquecerei esse dia, são quase 11 da manhã, fecho o livro, suspiro e constato: Algo aconteceu. Ah, sim, os milhões, nunca a poesia rendeu tanto para um leitor aparvalhado, mesmerizado, subitamente acometido de falar como uma matraca aos quatro ventos sobre esse evento. E, atente para este "E", mesmo de imediato ciente de não estar sequer no subsolo do repertório, mequetrefe que seja, para narrar algo à altura de um trabalho que de tão bom, emudece, me resta um ra-tim-bum dentro do peito que agradece o regalo que presenteou meu espírito com as alturas de todos os bosques, os bosques onde a grandeza do Ser tece o que há de melhor, algo que foi perdido e que nas palavras de um Augusto Mestre, chama-se Criatividade. É ela quem restaura ou vai além do humor. É ela que traz energia, fluxo, dinâmica, equilíbrio. "Algo que sempre muda, mas que está sempre em equilíbrio. Espírito é a criatividade de Deus. Espírito é a criatividade da consciência. Isso é que foi perdido".

Lúcia, minha amiga, você trouxe de volta.

Me despeço mui agradecido, e reitero os mais autênticos e espalhafatosos parabéns.

"Vôo

A borboleta pausa o caminho.

As asas amarelas

na flor que espera.

O tempo não cabe nos braços.

É preciso vencê-lo,

corrompê-lo,

para não murchar,

para confundir-se.

Para ainda ter asas

ao anoitecer".

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 21/04/2015
Código do texto: T5215464
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