A menina que roubava livros, de Markus Zusak
Hoje irei falar sobre o livro A menina que roubava livros, de Markus Zusak, cuja leitura é obrigatória, a meu ver, para quem adora ler obras que tenham um teor histórico.
Bem, não é a primeira vez que a história é ficcionada como este livro que virou filme. Há outras fontes de estudo – ou de puro entretenimento – que discorram acerca do tema tratado na obra: o prazer pela leitura (literatura) e a tentativa de resgatá-la ou salvá-la (e até mesmo de não pô-la em desuso) para que futuras gerações lhe deem o devido valor. O romance Fahrenheit 451 – que também virou filme – fala sobre os mesmos problemas que podemos ver em A menina que roubava livros: a censura imposta pelo governo aos meios de comunicação, ateando fogo a todos os livros que se encontrasse, e como a “televisão destrói o interesse pela literatura”.
O romance de Markus Zusak começa de um modo espetacular:
EIS UM PEQUENO FATO:
"Você vai morrer”
Seria um tipo de aviso e sinceridade que começa a delinear o assunto principal do livro e, principalmente, o contexto sociohistórico na qual se passa a história: uma Alemanha nazista em que havia o preconceito (principalmente contra negros e judeus) e a limitação para se conseguir livros com um modo de aquisição de conhecimento, algo que era difícil de se conseguir na época. Podemos verificar nesse fato quando vemos a relação entre a protagonista – Liesel – e seu pai adotivo: ambos não sabem ler nem escrever, mas os dois se ajudam para aprenderem durante todas às noites quando vão para o porão de sua casa e a leitura só acontece sempre que Liesel consegue roubar um livro ou quando seu pai adotivo, com algum sacrifício, consegue lhe dar um.
Ao longo de todo o romance, podemos verificar o modo como a narradora descreve as situações diversas pelas quais passa e é por meio dessas situações que conseguimos analisar as diversas dificuldades por quais ela passava, além de nos dar encantamento maior sobre o que trata o livro: o amor pela literatura. Através de uma prosa poética, a narradora descreve os fatos vividos por ela e por sua família: viver numa Alemanha nazista é uma incógnita, ou se seguia as leis ou não se sabia o que poderia acontecer. O maior medo da família de Liesel foi quando abrigaram um judeu com o qual ela faz amizade e reforça ainda mais o gosto pela literatura quando ganha um livro com páginas em branco – fato que nos faz lembrar a obra “O diário de Anne Frank”, judia que escreveu sua vida quando estava escondida com sua família durante o nazismo.
Além de tudo isso, Markus Zusak escreve seu romance por meio de uma abordagem puramente filosófica: todo o romance é acompanhado sob a perspectiva da Morte, desde o início quando o irmão de Liesel morre e ela acaba tendo a chance de roubar seu primeiro livro, assim que um homem deixa cair um exemplar no chão.
O que poderia significar a Morte em toda a obra? Como ela agiria durante todo o enredo? Esses questionamentos vão dando continuidade à obra, principalmente por uma tonalidade que nos faz analisar uma sociedade hitlerista na qual a juventude, a educação, o acesso às coisas essenciais diminuem enquanto que o medo e a pobreza aumentam assustadoramente. É esse ponto crucial que é descrito ao longo de toda a obra e ainda firmado com fervor no final do livro:
UMA ÚLTIMA NOTA DE SUA NARRADORA
Os seres humanos me assustam
Podemos verificar, em minha opinião, que o autor buscar delinear as características de cada um e da sociedade. Tentar definir a essência de cada um, seja em âmbito social e individual, nos faz entender a fragilidade da natureza humana em todos os seus aspectos. As relações entre causa e efeito e entre matéria e forma nos faz entender um pouco o contexto do livro: a tentativa de buscar, por meio dos livros, um meio de escapar das mazelas e crueldade humana faz Liesel sentir que pode haver algo melhor no mundo, não somente guerra e morte.
De um modo ou de outro, Markus Zusak vai delineando o enredo de seu livro a partir das aventuras e medos que Liesel vive e em uma sociedade e época sombria. É por meio dessas aventuras que podemos ver diversas histórias dentro do romance: todos os livros roubados por Liesel; os momentos em que seu pai trocava cigarros por um livro; os momentos em que perdia ou emprestava um livro como se perdesse parte de si mesma.
O romance por si só é magnífico e, para quem gosta muito de literatura e ainda mais quando se trata de uma obra que fala sobre a história mundial, A menina que roubava livros se torna uma leitura obrigatória, principalmente, por ser uma obra que prende o leitor do começo ao final do livro.