Resenha crítica de O Céu dos suicidas
Do autor Ricardo Lísias, publicado pela Alfaguara em 2012; conta com 192 páginas divididas em capítulos curtos, de três ou quatro páginas cada.
Na obra, o autor relata tratar-se de um romance de ficção de fundo autobiográfico. Seu narrador é Ricardo Lísias, professor de história, consultor em coleções e ex-colecionador que para lidar com o suicídio de seu melhor amigo André, parte para uma viagem ao Líbano e decide começar uma nova coleção de selos.
Ricardo vê seu mundo, literalmente, cair ao perder seu melhor amigo, André, que cometeu suicídio. Atormentado pela culpa de não ter tido a sensibilidade de perceber que o amigo precisava de ajuda e pelo remorso, se lança em uma viagem, mais psicológica do que física para refazer os últimos passos do amigo e imaginar o que poderia ter feito para ajudá-lo.
O protagonista se questiona sobre o que aconteceu para que sua vida chegasse ao ponto de agonia pela qual passa, torna-se impulsivo, inconstante e agressivo. Fechando-se em seu mundo particular, alterna momentos de desespero com uma grande busca para compreender seu sofrimento, o protagonista constrói uma narrativa dramática, mas com momentos de muito humor.
É um livro de leitura fácil e descontraída. Como ocorre com todas as obras, não agrada a todos, isso é um fato, mas não é um livro que se desgoste facilmente, justamente pelos momentos de humor que “quebram” a tensão da obra. Discordo de algumas críticas que li, especialmente de uma, que retratou o livro como sendo uma comédia. Não acredito se tratar de uma comédia, em hipótese alguma, há os momentos leves e bem humorados nos quais o narrador ofende com palavras de baixo calão, grita, fala sozinho, mas esses momentos, mesmo sendo engraçados, são carregados de tensão e o desespero do narrador nos faz desejar que ele se liberte da culpa que sente por não ter ajudado o amigo.
Isabel Cristina Oller
Professora de Língua Portuguesa e Literatura