Origens da Ciência Moderna
RESENHA
CHRETIEN, Claude. Origens da Ciência Moderna:
O Mito da Imaculada Concepção.
IN:
A Ciência em Ação. Papirus, campinas, 1994.
Nesse texto o autor busca identificar e discutir todo o processo genesíaco da ciência moderna e seu vínculo com civilizações antigas.
Através de pesquisas, o autor procura evidenciar as causas que conduziram o homem à descoberta e evolução da ciência. A partir da análise do processo de civilizações antigas, ele evidencia, de acordo com as ideologias e descobertas desse povo, o desenvolvimento e estagnação do estudo da ciência nestas culturas e suas causas. Checando a conquista desse conhecimento pelas civilizações européias.
Devido à sua formação cultural como Grécia, Egito e China, todo o desenvolvimento científico desses povos ficou gravemente comprometido ora por questões de choques ideológicos ou simplesmente pela inexistência de elo entre os vários tipos de conhecimento. Deixando assim um grande espaço para que os europeus absorvessem e desenvolvessem tal ciência levando as descobertas da era moderna, tendo como grande expoente o pesquisador Galileu Galilei.
O autor faz uma explanação acerca das primeiras experiências de caráter pseudocientífico em culturas primitivas, mostrando a importância de reconhecimento dos processos de configuração da ciência moderna, questionando ainda a visão mecanicista da ciência.
Por fim o autor atenta para o fato da ciência contemporânea não gozar do privilegio da “Imaculada Concepção”, mas de ser fruto de uma herança grega combinada com a visão judaico-cristã. Porém, pode-se dizer que tais condições em nada alteram a pureza de uma ciência que atingiu a maturidade e que desenvolve suas razões de maneira perfeitamente autônoma.
A partir do final da Idade Média, surge a figura do engenheiro, este organiza e direciona as idéias e o trabalho. Sua atividade profissional foge ao mero saber do artesão profissional, onde o conhecimento do fazer aliado à sua experiência capacita apenas com um saber enciclopédico.
Porém ao engenheiro ou arquiteto ultrapassa essa habilidade profissional, o método teórico prevalece encarregando-se do desenvolvimento do projeto e elaboração de métodos que substituirão o método empírico, economizando-se tempo e desgaste em situações reais. Vê-se então a situação aplicada a mercados de trabalho como a construção civil, a extrema importância dada a indivíduos como engenheiros e arquitetos. Estes além de atenderem as finalidades que exercem, ainda tendem logicamente, a interesses econômicos de grades empreiteiras.
Encontramos a importância dos questionamentos acerca dos paradigmas mecanicistas, que tem governado panorama das ciências convencionais desde o renascimento. Novas ciências que transcendem a visão tecnicista vêm provocando profundas reviravoltas nos meios acadêmicos. Para exemplificar esta situação reportemo-nos às recentes descobertas da física quantidade que, transcendendo o paradigma cartesiano, faz descobertas surpreendentes a respeito do próprio homem e seu processo interativo com toda a estrutura cosmogônica. Além de reconhecer a validade e a importância das experiências das que constituem o corpo cultural de povos primitivo a exemplo de nossos índios.
Percebemos no texto a não pressuposição de conhecimentos profundos sobre o assunto, já que o autor desenvolve o seu raciocínio de maneira lógica e coerente, analisando com clareza e precisão todo o processo que resultou na configuração da ciência contemporânea.
O modo como o texto é disposto oferece um acompanhamento geral do desenvolvimento científico e suas principais características. A sequência da informação é então bem construída oferecendo um padrão de raciocínio linear o pensamento histórico ocorrido
A logicidade evidencia-se também através da análise inteligente sobre o confronto do pensamento mecanicista com a visão metafísica.
É um texto interessante, cuja facilidade de compreensão só fica comprometida diante do aparecimento de termos pouco conhecidos e de algumas idéias de caráter abstrato que requerem uma maior concentração.
O autor percebe a incoerência da idéia de uma ciência pura, livre de condicionamento sócio-histórico, na que a gênese dessa ciência foi maculada por fatores ideológicos e religiosos que, porém, talvez em nada alterem a pureza que surge de sua maturidade e perfeita autonomia.
Concluímos que atarefa de administrar o momento do surgimento da ciência revela-se extremamente complexo e difuso. Exigindo estudos profundos e várias áreas de conhecimento humano. Percebemos também que no homem por mais que aplique qualquer conhecimento científico, seja em comportamento puramente racional ou prático, estará sempre conjugando o método empírico ao teórico.